sábado, 6 de dezembro de 2014

Bailarina


Deitada no chão, lembra bem uma península ou rastro de costa qualquer. Observa o teto e, com o olhar fixado parece querer engolir o reboco.
Estica membros e se observa, não chega a nenhuma conclusão de existência ou missão. Ergue as unhas, que são garras, mas não ataca, é como se exibisse ou apenas certificasse que tudo continua no lugar, pronto para o espetáculo. É então que inicia-se: rola o corpo pelo piso e vai deixando suas marcas, seus fluídos, seu cheiro, sua essência.
Num ante desfecho dramático, levanta o pescoço com indescritível elegância exibindo o olhar rompante e assombroso, tem os olhos do demônio. Aí então salta sobre a mesa, gozando d'um equilíbrio que só a bailarina dispõe, deita sem propagar som algum e acomoda sua cauda espalhando-se na face de madeira como fosse água, e tão bonita, é tão completa, é gata.

 

Allan Bonfim.

3 comentários:

  1. Eaí, Tico :)
    que pena que você resolveu passar lá pra ver uma poesia tão ruim, e de um momento tão complicado haha e o senhor aí, sempre escrevendo coisas bonitas.
    Beijos rimados pra você :*

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  2. Oi, Cabeludo!

    Que lindeza este post, amei.
    Obrigada por escrever, é sempre gostoso quando a gente tem um retorno, agradeço muito suas palavras que considero demais.
    Sobre o blog que você perguntou, não é meu não, não conheço a pessoa, embora já tenho visto textos que escrevi publicados lá, sempre creditados, oque considero uma delicadeza.

    Beijos,
    sempre por aqui.

    Be

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  3. Apenas passando pra dizer que é uma honra enfeitar seu espaço cabeludo ;) rsrs
    beijos :*

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