sábado, 23 de janeiro de 2010

Era Tico,Allan e Eu (Pra publicar é preciso)

Puxou a cadeira e sentou-se com as mãos apoiadas na mesa,a frente,dois seus discutiam loucamente sobre a publicação:

- Eu prometo fazer algo inédito,algo que vão gostar.
- Inédito como?
- Oras,inédito.
- Veja bem,pode ser que não gostem.
- Tô falando,vão gostar.
- E num dá pra dar uma prévia?
- Vai deixar de ser inédito.

Sentindo o caminho que a conversa ia levar,ele pede a palavra e diz:

- Tá,eu autorizo,mas vai ter o meu nome no final.
- Ih,minha opinião não vale mais nada aqui não?
- Sinceramente...não !
- Eu que dei nome aquilo !
- Quem é o cabeludo?
- Você.
- Pronto,está decidido.
- Não,não é assim.
- Sim,é assim sim,fale-me mais sobre o 'inédito'.
- Bem...
- Espera aí !!!
- Ai caramba.
- Eu respondo os comentários,eu comento nos outros blogs,organizo tudo lá.
- Eu escrevo os textos.
- Grande merda...
- Tire os textos e veja o que sobra então.
- O espaço cabeludo.
- Totalmente sem cabelo.
- Mas com muita cor.
- Cor só tem graça em cabelo.
- Ele tem razão.
- Você fica quieto.
- Não,você fala,conta logo sobre o inédito...
- Não posso.
- Ahn?!
- Deixa de ser inédito.
- Tá.vai ser legal? terá conteúdo?
- Sim,sim,concerteza.
- Então só quero o meu nome.
- Tá bom.
- E eu?
- Tico,eu deixo você dar as cores.
- Sério?!?! *o*
- Claro.
- E você,o que vai querer?
- Eu?
- É,você !
- bem...eu escrevo (:

Allan Bonfim...Ticoético e Eu.



ps:o motivo de eu ter ficado tanto tempo sem publicar foi um erro provocado por uma leve distração (tinha programado a publicação pra daqui a cinco anos) a falta de tempo também entra na receita,enfim,aproveito o pós-script pra falar um pouco do escrito acima,foi uma coisa que me ocorreu enquanto escrevia um texto que será publicado a seguir,achei interessante registrar pra você que lê ter uma idéia vaga do que ocorre na minha mente e na mente deles (Tico e Allan),um bom dia a todos,meu turno acaba aqui,vou dormir.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Amor de Quinta (Felizes pra sempre)

Sentaram na cama os dois para dormir,mas não foi uma ida de quem sente sono,foi uma ida obrigatória,como se a idade não mais os permitisse ficar acordados depois das nove e meia.Era triste,mas estavam conformados com a senilidade.Puxaram a coberta e se deitaram,aí se entreolharam,no olhar dele pra ela,parecia lembrar da juventude,de quando chamava carinhosamente de 'nega' aquela moça de pele clara,e corriam os dois na grama verde da Quinta da Boa Vista,parecia lembrar dos sorvetes divididos ou não na pracinha por falta de dinheiro,parecia lembrar do 'penar' que foi até o primeiro apartamento,da emoção ao saber da primeira filha,a subida dentro da firma onde muito duro deu.
Ela,em seu olhar,parecia lembrar de sua beleza juvenil,já distante a tempos e substituída por uma pele que não parecia sua,enrugada era,parecia lhe cobrar os passeios,lhe cobrava as 'loucuras românticas' de muito tempo atrás,parecia lembrar da emoção de ser carregada desde o portão até a sala por seu 'moreno da pele preta',como o chamava.
Mas algo a mais acontecia naquele quarto,era o encontro desses dois olhares,e esse,perdoava a intensidade romântica perdida,entendia que o corpo já não atendia a necessidades emocionais,lembrava que a velhice trouxe coisas boas,como duas bisnetas e a tranquilidade na percepção,esclarecia e obrigava a aceitação do estado atual,fazia esquecer os conflitos de outrora e mostrava que estavam ali,este tempo todo juntos,não a toa,mas que era inevitável a dominação da rotina.
Os dois,ali,nesses dois segundos,entenderam-se,disseram um "boa noite",ele apagou a luz e viraram-se cada um para o seu lado.


...sentindo algo a explicar,ela acende a luz e solta a pergunta:
- Mário,se alguma moça jovem e bonita aparecesse e o quisesse,você assim,me largaria?
Ele,surpreso com a pergunta,virou-se e disse:
- Como é que é,minha velha?
- Perguntei se me deixaria se uma moça jovem lhe quisesse.
- Ora,minha velha,depende da jovem,né? ele diz em tom sarcástico.
Decepcionada,ela retruca:
- Oh,deixe então velho safado,que te arranjo uma bem enxuta !
- Minha velha,não tem jeito.
- E o que não tem jeito?
- Eu te amo,minha nega,te amo e não há mais como se livrar de mim,minha velha.
Uma lágrima,inevitável e incontrolável a essa idade,caiu dos olhos daquela velha que aos poucos ia percebendo e sentindo a força do que unia os dois,e ela respondeu:
- Ô meu preto velho,te amo tanto,mas sinto aquele nosso amor tão sumido...

- Não tá sumido não,ele agora tá mais tranquilo e sublime.
- Mas onde tá a paixão?
- Ih,essa se perdeu faz tempo...

- Ora pois,veja aí então.
- O quê que tem?
- E isso é bom?
- O quê? (a mente já devagar)
- A paixão perdida,Mário,o que mais seria?
- É claro que é bom,velha,agora só nos resta o amor,este sem paixão,se torna mais bonito,se torna um amor puro.
Ela torna a transbordar sua emoção nos olhos,no fundo sabia,aquilo só precisava ser dito e respectivamente ouvido.
- Mas maria,está parecendo uma torneira esta noite.
- É a idade velho,é a idade.
- Eu sei,minha moça,mas vamos dormir,han?
- Sim,meu velho,sim.

Apagaram a luz e novamente se viraram cada um para o seu lado,ela agora,tinha seu coração renovado,apenas emocionalmente,o que já lhe bastava,sabiam os dois que a vida era ali,a idade não mais lhes permitia planos à longo prazo,então viviam como jovens,cada dia intensamente,e foi assim até suas mortes,mas eles se amaram tanto,mais tanto,que até hoje,tem gente que jura que viu o casal de velhinhos correndo jovens pela grama da Quinta Da Boa Vista.

Allan Bonfim.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

No Zoo (Eu,leão)

Eu leão,
me tiraram as garras
Eu leão,
me tiraram família
Eu leão,
me tiraram a força
Eu leão,
me tiraram a liberdade
Eu leão,
e quando essa gente me vê
Eu leão,
quase sempre estou cansado
Eu leão,
agora como carne fria
Eu leão,
há muito não sei o que é correr
Eu leão,
sinto saudades da leoa
Eu leão,
lembro dos tempos de vento na cara
Eu leão,
agora à noite fico sozinho
Eu leão,
agora sinto até frio
Eu leão,
agora 'vivo' numa jaula
Eu leão,
já não sou àquele leão
Eu leão,
de tanto remédio o coração não aguenta mais
Eu leão,
cansado de toda essa gente
Eu leão,
não mais ligo pro tempo
Eu leão,
só espero morrer
Eu leão...não,hoje não tem leão,não mais.

Allan Bonfim

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Prainha,uma pra contar (Letícia)

Mais uma vez ter que mergulhar,descer ao fundo e tentar encontrar o sonho que eu perdi,correntes fortes em todo lugar,mudando tudo quando tudo está no tom pra ter um fim...(ouvindo 'Quicksand' de David Bowie cantada por Seu Jorge)

[...] e logo estamos na praia,chegamos,nos instalamos na areia,areia fina,parece que caminhamos em algodão doce.A água é multicolorverde daqui agora,caminho até lá e dou um mergulho,não,o mar não tá pra peixe e muito menos para mim,então observo muito da areia,vejo os morros altos e verdes que cercam estas águas fazendo lembrar àquelas figuras que eu via nos livros de história no tempo de primário,aos pés deles,pedras parecem conter a água dizendo:
- Voltem moças,voltem belas ondas,o mar é seu lugar !!!
Pra ser sincero,não sei por quanto tempo elas irão obedecer as sábias e velhas pedras,mas tanto faz,pois hoje é sábado,tanta gente feliz na areia,e eu decido andar até as pedras,pura curiosidade da vista lá de cima.

Mesmo encontrando dificuldade pra subir,algo forte me move até lá,pés no chão,lá em cima a primeira curva com vista pro mar,confesso,apavora,mas sigo,pronto,aqui é lindo,pensei.Alguém me diz algo que não entendo,olho pro lado,uma jovem,voz feminina,moça na pedra,é Letícia,assim me conta enquanto conversamos,e como conversamos,falamos sobre gente conhecida,sobre mim,sobre ela.
- Licença por favor,dizem as pessoas.
Fico bestializado com o modo rápido com que descubrimos os lugares bons,decidimos sair dali,estamos sentados no meio da trilha,ela quer ir para mais longe da praia,e quando chegamos,eu quero ir até o pontal,digo que deve ser lindo,o que iria se firmar verdade um pouco mais tarde.Caminhamos os dois até lá,as pedras com ferimentos antigos,castigam os pés,agora a água se mostra azul,límpida,uma pequena tartaruga se exibe dentro d'água,parece se mostrar para nós e dizer:
- Vão,curtam a paisagem,é linda,é linda.

E é o que fazemos,continuamos o caminho e chegamos ao destino,e que lindo é,são pedras aos nossos pés encontrando com o mar,esse não é o mar de praia,é aquele,o alto,que chamamos de alto,na verdade,fundo,é alto mar,o perigoso é lindo,avistamos outra praias,mas nada de areia,essas são de pedras.
Duas pedras a nossa frente,geram um espaço côncavo por onde as ondas entram e batem,e lambem as pontas dessas mesmas pedras,eu me aproximo,a visão é do horizonte e a água agora é púrpura,ela se mostra encantada,registra tudo na máquina que carrega consigo,e de repente se dirige às mesmas pedras que me encontrava e grita incessantemente:
- É muito lindo,é muito lindo,é lindo !!!!
Penso que a tartaruga tinha razão,e ela também,parece estar em êxtase,e o perigo se mostra,uma onda forte bate,e as pedras avisam:
- Não se perca na beleza,a beleza afoga,a beleza afunda.
Eu apenas a aviso pra não chegar muito perto da beira,ela concorda,e ficamos os dois observando a paisagem,tempo depois,ela parece lembrar de algo e:
- Tenho que ir,vai voltar ou ficar aí?
Ponho em prática meu pouco cavalheirismo e digo que acompanho-a na volta,as pedras como sempre castigando os pés,entre as águas,avisto a mesma tartaruga que agora diz:
- Vai-te,mas volta,volta logo,volte sempre !!!
Seguimos o caminho e as pedras,não por acidente,deixam meu corpo escorregar,a marca se faz no pé,e elas dizem:
- Não se preocupe,é lembrança,lembrança de nós,lembrança de Letícia.
Eu sigo,seguimos caminho,com aquela dor,uma dor nem tão grande,mais a frente,um cacto,deixaria uma lembrança em seus pés,Letícia,um pequeno furo,chegamos ao ponto da primeira conversa,meu celular toca,e é a gente se retirando,saindo da praia.Observamos,e em direção a praia seguimos,seguimos o caminho,aquela curva,confesso,inda apavora,descemos,chegamos a praia.
- Vai ficar?
- Tenho que ir.
Ela me passa o orkut que mais tarde seria apagado de forma desconhecida,e seguimos,com um pé furado e outro esfolado,seguimos o caminho,agora diferente pra cada um,poderia ser um GRANDE amor,poderia ser uma GRANDE amiga,não sei,pois foi só Letícia.

...não acho que seja normal,minha mente me fazendo mal e seu beijo amargo de jiló,e seu beijo amargo de jiló...(espero vê-la,espero ir pra cachoeira,Cachoeiras de Macacú)

Allan Bonfim.