segunda-feira, 24 de maio de 2010

Festa interior

Eu passava por um período iluminado,desses em que qualquer caco de vidro vira uma grande lâmpada.Ela passava pela rua,num andar descompassado,meio relaxado,mas era mesmo debochado.Era um jeito feliz de criança,ainda penso que me jogou aquele limão...enfim,me convidou pra passear,e no passeio descobri como ponto final,sua casa.
Foi me convidando para entrar,imagina,falei comigo:
- Pois se nem sabe ao certo quem eu sou...
- É,se posso ser maluco,maníaco,psicopata ou escritor.
(...)
Elogiei o sorvete,disse:
- Hum,muito bom !
Ela disse:
- Eu que fiz.
Os dois mentimos...os queríamos era:
- CAMA !!!
(...)
E lá esquecemos de amores e flores,passados ao tempo com um toque de esquecimento,porém,em mim,amores presentes,presentes...ligando.
- Não é ninguém !
Menti,desligando o celular
- Quem é na foto? perguntei.
Ela mentiu.
- Meu irmão.
(...)
Ficamos ali durante horas,fazendo perguntas e mentindo nas respostas.Era algo maravilhoso aquilo,ali,bate e volta,sem nenhum compromisso ou preconceito,sem consequência.
E passamos assim toda a noite,até o sol nascer e ela me acordar cedo,o que eu odiei...
- Te acordei?
- Não,sem problema,sempre acordo nesse horário.
Me serviu o pior café da minha vida.
- Que delícia de café você faz. sorri.
- Todo mundo diz isso. (M-E-N-T-I-R-A)
De repente ela me sorri e diz que teve ali sua melhor noite de toda a vida,os olhos dela brilhavam e eu quase acreditei,pensei.
- Ah não,ela não pode sair assim por cima.
Não resisti e contra-ataquei.
- Casa comigo?
A face dela mudou,parecia um cachorro de rua prestes a ganhar um grande e suculento pedaço de carne,senti que tinha quebrado a vidraça,estourado a bola,batido o trem,derrubado o avião,e que avião...entende?!
(...)
- Você tá de brincadeira,né?
- Quer dizer,você nem me conhece direito.
- Olha,eu acho que te conheço o bastante...(N-Ã-O)
- Eu nunca falei tão sério (e tão falsamente) na minha vida.
(...)
O fim da história é que ela aceitou e eu inda prometi fazê-la a mulher mais feliz do mundo,claro,menti.

Allan Bonfim.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Scooby

Tá lá estirado no carpete da sala,agora passa a tarde toda assim,quando quer se levanta e se arrasta até onde tenha sol,meio cambaleante,quase morto,um esqueleto,já que era tão alegre.E não mais lembra os tempos em que corria e abanava seu rabo de alegria,até seu focinho está mudado,e quem disse que a morte não tem cara?
Sua visão se mostra prejudicada na habilidade de perspectiva,não mais desvia dos móveis que,imóveis nada podem fazer a não ser esperar o impacto do pobre cãozinho cego.O físico é desanimador,assim como seu olhar,um olhar perdido,como se pedindo algo que,não posso,não devo.
E a vida nos ensina muita coisa,talvez até em parceria com a própria morte.

Allan Bonfim.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Em apelo.

Ah minhas queridas linhas,não deixem eu me perder,não que eu estivesse perdido.
Ah minhas queridas linhas,não deixem lhe abandoná-las,não q'eu tivesse abandonado.
Ah minhas queridas linhas,não deixem que eu as deixe vazias,não que eu...
Ah minhas queridas linhas,não deixem que eu me omita,pois não ter opinião é um martírio.
Ah minhas queridas linhas,não deixem ser omitidas,eles não podem fazer isso.
Ah minhas queridas linhas,não deixem que a tristeza me afogue,amar é inevitável.
Ah minhas queridas linhas,não deixem se envaidecer pela importância que lhes dou,só.
Ah minhas queridas linhas,não deixem um solitário,pois no mundo ainda há verdades e sonhos.
Ah minhas queridas linhas,não deixem jamais que acabe a esperança,é aquele papo de antes.
Ah minhas queridas linhas,não deixem o escritor ir embora
Ah,minhas queridas linhas,não deixem o escritor morrer,não que ele estivesse morrendo.

Allan Bonfim.