sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A vida esfria pela manhã

Pela manhã a vida esfria,sabendo disso a Luiza logo chama Pedro:
- Pedro vem tomar café,o pão tá na mesa,vem pedro !
- ...
- PEDRO !!! café vai esfriar,vem tomar café,pedro !!!
- Já vô...mulher chata.
- Chata é dona sua mãe,café tá quente Pedro,vem logo,por favor !

E o pensamento de Luiza rolava:
- Vem pedro,vem que a vida esfria com o vento do tempo,
a vida,as lembranças,todo o meu querer
- Vem pedro,que o amor tá morno,já pedindo mais lenha,
ele quer mais carinho,mais cuidado e atenção
- Pedro,não repara o meu cabelo,tive que assim sair,
pra pegar a primeira remessa de pão
- Olha Pedro,tem queijo e mortadela,maitega e nutella,
só não me faz esperar assim
- Amor,presta atenção,vê se passa manteiga no pão,
vê se vem pra perto de mim
- Bom dia !
- Bom.
- Tem queijo e...
- Esse café tá frio !!!
- ...
- Ouviu?!?!
- Eu esquento pra você,amor.

E o pensamento de Luiza chorava:
- Sempre que precisar,amor,o café,o querer,
o pão,a paixão,sempre que precisar eu esquento

É,cuida de Luiza,Pedro.Mulher assim você não encontra mais na vida,que esquenta o café,o amor,pão,que te dá carinho e até faz bolinho se precisar,se você precisar.

Allan Bonfim.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O Poeta e O Malandro Cap. 2

Débora Andrade era jornalista feito Gabriela,escrevia sobre assuntos políticos e famosidades.Vinha de uma família do interior,com pouca renda,porém seu pai se esforçou até o último suspiro para pagar-lhe a faculdade particular de letras em Portugal,e ela reconheceu o esforço se formando com a melhor média de notas de seu curso.Logo conseguiu um emprego no,hoje reformulado,Gazeta De Notícias,um jornal de tradição na época,pelo qual tinham passado grandes nomes como Euclides da Cunha,Machado de Assis e o próprio Janini.Lá fez uma consistente carreira e foi indicada a trabalhar pela Revista Da Semana,como editora chefe,entre boatos e verdades sobre um possível caso dela com o Diretor do Gazeta De Notícias,Débora deixou o jornal,causando espanto à muita gente.Foi aí que se dedicou a poesia e a estudar a fundo a literatura,já que assim,com sua nova posição,sobrava-lhe tempo livre.
Foi um dia difícil pra Zé,aquele em que Janini conheceu Débora.Me disse que uma hora ele estava lá,com uma linda mulher aos seus pés,em sua cama,mas não era "dessas",ela era diferente,suave,outra hora lá estava ele,observando o que parecia a mesma mulher,falando com interesse àquele senhor que se sentava todos os dias na mesma mesa,agora ela era arrebatadora,pungente em sua frieza,disse ele pra mim que ela saiu com o tal velho e nem disse pra onde ia,foi a primeira vez que,uma mulher,nas palavras dele "magoou o malandro".E Zé saiu cedo,já bebia às cinco,chutou a porta do apartamento e deu de cara com um revólver em cima da mesinha de centro,o revólver era prateado e ao lado do tambor possuía as letras STAR,ele começava a descobrir a outra face de seu companheiro de aparte.
Raimundo Star,se chamava por nascença e identidade,Raimundo Maria Jacobino Da Anunciação,vinha da Paraíba fugido de seu pai e seus tios,grandes fazendeiros e coronéis que queriam lhe tirar couro depois de saber que ele fazia artes duvidosas sob a batina do padre da região,definitivamente constataram que no batismo,o único nome que sua mãe acertara foi o de "Maria".O apelido "Star" veio de um inglês que conheceu Raimundo no período em que ainda se adaptava ao Rio,usando a boca e o rabo para se alimentar,numa ordem totalmente inversa a convencional.O gringo ficou fixado no cordão de prata de Raimundo,que sustentava uma considerável estrela de diamantes,por vezes tentou até comprar,mas Raimundo,mesmo precisando e sendo um completo pilantra,sempre negou à todos a venda do cordão,dizia que era a única lembrança lhe restara de sua mãe.Levou um susto ao chegar frente ao apartamento e encontrar a porta escancarada,e um susto maior ainda quando não encontrou a arma que deixara ali,minutos atrás.Enquanto isso,pelo lance oposto de escadas,Zé descia quase tonto com o revólver na cintura totalmente visível,passou pela portaria e nem reparou nos dois sujeitos de ares sombrios que o encararam e pareciam reconhecer a arma.Naquela noite Zé foi "à forra".
No Green Pallace,pela primeira vez o apartamento 88 não apagou suas luzes,Jânio se divertia com aquela jovem mulher que lhe falava versos,e lhe provocava ao pé do ouvido.O Poeta me falou depois que foram pra cama em seguida e ficaram acordados a noite inteira,nunca acreditei muito nisso.Mas também nunca vi Débora de novo para perguntar,sei de gente que ficou acordada aquela noite.
Zé chegava pela Lapa lá pela onze,com três meninas que o agarravam para ele não cair,se sentou frente ao bar do moreno e logo apareceu um pra se opor ao revólver na cintura.Foi aí que o Malandro o puxou e levantou seu cano prata pro céu.Foi a cena mais engraçada da noite,ele desandou a dar tiros pro alto e o "maurício" de terno alinhado não sabia se ficava pra manter a pose ou se corria pra salvar a vida,decidiu por correr,e como corria o moço da brilhantina.Logo podia se ouvir apitos que indicavam que os patrulhas,guardas que rondavam a lapa,estariam chegando,fatalmente Zé seria preso,mas,alguém de capa escura e um cordão de estrela o puxou pra dentro de um Ford às onze e quarenta.Ao chegarem,tudo que os patrulhas encontraram foram alguns copos quebrados e gente que não queria falar,nem notaram os dois sujeitos de ares sombrios que destoavam do lugar e das pessoas que ali estavam.

continua...

Allan Bonfim.

domingo, 25 de julho de 2010

O Poeta e O Malandro Cap. 1

Pelos tempos que morei no extinto hotel Republic em Copacabana,observei uma dupla um tanto quanto curiosa,que vivia entre a Costa e Silva e a Manoel Barros,ruas bem badaladas na época.Essa badalação não era a toa,numa esquina dessas ruas localizava-se o Clube Tropical,tal clube era frequentado por grandes nomes do rádio e do cinema,além de tietes que lotavam a portaria atrás de um casamento ou uma simples aventura.Confesso que por algumas noites adentrei o recinto que tinha salsa,bolero,samba e tchá-tchá-tchá,mas isso não é sobre o Clube Tropical,é sobre O Poeta e O Malandro.
Jânio Bonifácio era formado doutor em Medicina pela Universidade do Rio De Janeiro,hoje,Universidade do Brasil ou UFRJ,porém pouco utilizou sua formação como trabalho pois sua paixão estava mesmo nas letras,ou melhor,nas palavras que estas compunham,foi então que se formou em Literatura e a partir daí não parou mais,primeiro foi colunista de um jornal muito lido na época,depois passou a publicar nesse mesmo jornal poemetos e poesias de sua própria autoria mas que assinava com o pseudônimo de Janini.Na época em que trabalhou no jornal conheceu Gabriela com quem viveu os vinte anos mais felizes de sua vida.Os poemas de Janini fizeram tanto sucesso que eram recitados em intervalos de um famoso programa de rádio daquela época,o locutor ao convidar o poeta a se apresentar na rádio ficou surpreso ao ver que Janini era homem.Ao se mostrar para o mundo Janini sempre fora convidado para as mais belas festas com astros do cinema e belas vozes do rádio,foi em uma dessas festas que Janini ganhou o apelido de "O Poeta".Foi convidado pela editora Casa Azul a publicar seus poemas em livros,e a empreitada deu certo,foi um sucesso de vendas em quase todas as edições,Janini tratava de temas cotidianos com extrema leveza e harmonia,foram muito os livros que seguiram com sua assinatura até ser reconhecido em Paris e ter sua obra divulgada lá.Um de seus livros mais lidos foi "Gabriela,a menina do jornal do dia seguinte",um livro que ele escreveu anos depois de seu grande amor falecer.
Mesmo com muito dinheiro Jânio sempre foi muito humilde,apesar de ter sido concebido em uma família bem rica,saiu do apartamento que,lhe foi dado pelo pai em recompensa a formação em medicina,se localizava em Ipanema,mudando-se para um de tamanho reduzido,porém,que supria exatamente suas necessidades,alguns acham que um dos motivos da mudança fora que o antigo apartamento lhe trazia lembranças de Gabriela,este ficava no edifício Green Pallace,número 2567,era um edifício de 22 andares na Rua Manoel Barros que tinha na sua fachada pedrinhas de cor esverdeada que quando rebatiam a luz solar reluziam feito diamantes,o apartamento de Jânio tinha,como todos,sua varanda para a rua,onde ele passava suas noites depois de escrever ou somente observar o dia inteiro na calçada.
José Silva Ferreira tinha seu currículo escolar encerrado no 3º ano do ginasial,atual 9º ano do ensino fundamental,trabalhava em um bar-restaurante na Rua Costa e Silva,que era frequentado de dia,por jornalistas e executivos das redondezas e a noite por bôemios e sujeitos ricos com suas putas de aluguel.No alto de seus 21 anos levava uma boa vida e dividia um apartamento em Ipanema com um amigo que mais tarde iria lhe trazer problemas.
Sua vida na infância foi como a de muitos brasileiros,família pobre,casa simples e pais trabalhadores,apesar de ter largado cedo a escola possuía um inteligente desenrolar de língua,qualquer um que não o conhecesse diria facilmente que se tratava de um locutor de rádio,ou até um doutor não sei de quê,o fato é que isso lhe ajudava bastante em seu trabalho,os clientes do lugar gostavam do garçom simpático que lhes servia drinques tagarelando sem parar,sabia um pouco de tudo,moda,cinema,literatura,discoteca e praia,tudo que um garçom de um bar-restaurante em copa precisava saber.
À noite José saía pra se divertir,rodava por toda a parte boêmia da cidade conhecia os melhores bares,botecos e discotecas,mas tinha preferência,andava muito pela Lapa,dizem até que o apelido de "O Malandro" foi lhe dado lá,mas,além disso era ali onde conhecia a maioria de suas jovens e enxutas companhias de alguns meses,de semanas,de dias,mas gostava mesmo era do Clube Tropical,onde era o "rei da pista",não havia menininha que não olhasse quando gritavam "O Malandro chegou" e apesar de sempre estar cercado por belas mulheres era um solitário,e não que não gostasse,na verdade,acreditava que sempre se deu bem com todas as mulheres justamente por não ter compromisso com nenhuma,foi então que conheceu Débora.
Jânio passava os dias na calçada de sua casa e,de vez enquando,enquanto procurava conteúdo para seus poemas e poesias,passeava pela praia ou pelos bares nos arredores,um de seus preferidos era o Copacabana's BAR,onde Zé Ferreira trabalhava.Por ser sozinho desde que sua mulher morrera,gostava do contato com gente fosse apenas por um olhar ou por palavras,e palavras Zé Ferreira tinha de sobra.Ficava ali sentado na mesa do canto observando o Zé falando e gesticulando,contando seus 'causos' para os outros clientes que riam como desesperados,alguns acreditando nas histórias,outros achando que ele não passava de um malandro.Ao terminar sua sobremesa Jânio se levantava e com sua boina marron saía lentamente do recinto,seus 63 anos lhe gritavam,mas sua aparência era galante e tinha lá uma bela 'persona'.Sempre foi conhecido pelas redondezas como um sujeito simpático porém misantrópico,pois não era de sair a noite e não fora visto sequer uma vez com amigos ou algo parecido,seu plano era viver em rotina,esperando que a morte o alcançasse e ele pudesse finalmente encontrar Gabriela,foi então que conheceu Débora.
Zé Ferreira dividia o apartamento com um amigo de nome Raimundo Star,que diziam ter esse nome da época que dava o rabo lá pelos lados da Dom Pedro II,hoje Central do Brasil,diziam também que além de bicheiro o cara era metido com contrabando de bebidas mas Zé nunca deu ouvidos,aliás Star nunca deixou de pagar o aluguel e ainda lhe emprestava algum se Zé não tinha dinheiro pra noite.A vida de Zé era 'como queira',pegava às 11:00 no Copacabana's BAR e saía dependendo do movimento às 19:30,aí enfim sua noite começava,e foi numa dessas noites que lhe apresentaram a Débora,um belo par de pernas e coxas,com o bumbum roliço e uma equilibrada silhueta,seios medianos,pescoço longo,cabelos ruivos e olhos castanhos que te faziam sentir culpado por não conhecer aquela dádiva antes.E Zé logo levou Débora e pôs-se a redimir sua culpa em seu apartamento,quando acordou,apenas parecia que transara só a noite inteira,ela não deixou cheiro,não deixou marca alguma.
Um dia,Jânio me disse que caminhou até a sacada e sentiu uma beleza especial no dia que ia nascendo,besteira de poeta,aquele dia foi a mesma merda,foi o dia em que Jânio conheceu Débora.Após o café da manhã ele sentou-se à calçada e começou a escrever,quando chegou a hora do almoço foi para o Copacabana's BAR,sentou-se na mesa do canto e então uma mulher apresentando-se como grande admiradora de seus versos,perguntou se poderia se sentar,ele concordou apesar de não gostar de incômodo quando comia,na verdade,acho que concordou porque ela tinha um belo par de pernas e coxas,um bumbum roliço e uma equilibrada silhueta,seios medianos,pescoço longo,cabelos ruivos e olhos castanhos que te faziam sentir culpado por não conhecer aquela dádiva antes.Ela falava de seus versos,dizia que os ouviu pela primeira vez no rádio de seu carro,ela dizia também obscenidades que confundiam sobre sua personalidade,definitivamente não era o tipo do velho,mas eles andaram juntos pela praia,e subiram juntos pela portaria do edifício de pedrinhas verdes.

...continua

Allan Bonfim.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Vem Cá (Arnaldo Antunes;Carlinhos Brown;Marisa Monte)

vem cá
não quero confusão
vamos lá pra fora
longe do portão
cuidado,
olha meu irmão
ele tá ligado,
aqui não dá não
vem cá,
em casa não dá pra ficar
vamos pra
outro lugar
onde a gente possa
se dar, fumar e aumentar o som
gritar, vai ser muito bom
sem hora para acabar
pirar debaixo do edredon
pintar e borrar baton
sem medo de alguém chegar
vem cá, vem cá
vem cá, vamos lá

vem cá,
não quero confusão
vamos lá pra fora
longe do portão
cuidado,
preste
atenção
o campo tá minado
aqui não dá não
vem cá,
em casa não da pra ficar
vamos pra outro lugar
onde a gente possa
se dar, fumar e aumentar o som
gritar, vai ser muito bom
sem hora para acabar
pirar debaixo do cobertor
amar e fazer amor

sem medo de alguém chegar

vem cá,vem cá,vem cá

VAMOS LÁ !


sexta-feira, 2 de julho de 2010

Bye,bye Brazil,the South Africa said

Aqui acaba o sonho,que já não é aquele de tempos atrás,digo sem preciosismo,sem demagogia.Acaba aqui a felicidade dos oprimidos,dos privilegiados e dos sem posição definida,acabaram-se as folgas de meio período,as aulas interditadas em dias de jogos,acabaram as oportunidades,às vezes raras,de família reunida,de vizinhança reunida,de união,né? Acabou mais uma esperança daquela bem a cara do brasileiro,de acreditar em coisas impossíveis,no inacreditável,é que se torna tão bonito o voo a uma certa altura,que a gente pensa que pode voar só,todo o resto,não que não tenhamos as asas,só ainda não aprendemos a usá-las direito,aí vem essas quedas estrondosas,que nos escangalham,que nos fazem chorar,xingar.
Acaba-se aqui o trabalho de 4 anos de uma instituição "integra e séria",que mede um povo todo em siglas,três letras que não são o bastante pra dizer,pra contar tudo desse povo.Acabou o "comando" de mais um traumatizado,bode-expiatório em alguns anos atrás,acabou a 'Era Dunga' mais uma vez.
Mas por aqui fica também a minha confiança no único e simples fator que pode decidir o futebol,a imprevisibilidade gerada pelo próprio futebol,porque hoje não tem Ronaldo pra se 'criar' uma crise,não tem Zidane algum pra chamar de carrasco,Teve até um tal de Sneijder,mas não me faça acreditar que perdemos por causa assim,claro que não,há algo por trás de tudo isso,e não me surpreenderia se a Holanda levantasse os homenzinhos que seguram o mundo esse ano.
Acabou o jeito pra disfarçar,agora se nota no sorriso do gol perdido,e no outro sorriso,este do gol tomado,na certeza plena do real resultado final.Ficou por aqui minha confiança na honestidade do sistema FIFA,depois de tantos "erros" não corrigidos.
Acaba a alegria de comemorar um gol na certeza de que foi feito na habilidade,na pintura,na beleza,mas sobretudo,entre todos os impecílios,na honestidade,não mais vejo possível uma nova aparição do admirável Sobrenatural de Almeida,saberei que,caso apareça algo semelhante a ele,será,seu irmão trambiqueiro,o Combinado de Almeida.
Ai,como é triste isso,mas deixa,agora aqui acaba a tristeza também,me lembrei que ainda sou Rubro-negro,acima de tudo,e mesmo com poucas razões pra sorrir,inda vejo o resto do ano pra torcer e acreditar,acreditar,eu nem queria escrever isso,mas já que me veio,me valeu.

Vaarwel Brazil !!!

Allan Bonfim.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Seguindo viagem

Pastos verdejantes,auroras espetaculares,o vento na praia,o canto da fala da gente que passa despercebida pelo calçadão.A vida se esvaindo em beleza num mar de tristeza,num dissabor sem fim,músicas,textos,livros,tudo vem a cabeça,e tudo se confunde aos olhos de quem vê,de quem passa por mim.
Sabes que eu tô apenas de passagem,bem no meio da viagem na qual te encontrei,e adoro esse clima de passeio,uma felicidade de recreio,coisa de criança levada,eu sei.Eu me fingindo de forasteiro,caubói e até boiadeiro,só me faltou a boiada,pra te fazer sorrir.E então,percebi outrora que são momentos como o de agora que realmente ficam,no coração e na mente da gente,marcados como água na pele,água fervente.
E no meio de uma fumaça,o que mais me vale no momento é você ao meu lado,sei que isso passa.E nesse frio,não é a toa que a janela embaça,não é a toa que a alma embaraça o sentimento agora quase vazio.
Aí me sobe pela nuca um arrepio,tipo um frio que às vezes dá.É o medo de te perder,aquele medo de não mais poder te ver,coisa engraçada,só pra você ver.Foi daí que me passou pelos dedos a vontade e não o desejo de escrever pra ti este poema em vez do texto,aquele que prometi.

Allan Bonfim.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Festa interior

Eu passava por um período iluminado,desses em que qualquer caco de vidro vira uma grande lâmpada.Ela passava pela rua,num andar descompassado,meio relaxado,mas era mesmo debochado.Era um jeito feliz de criança,ainda penso que me jogou aquele limão...enfim,me convidou pra passear,e no passeio descobri como ponto final,sua casa.
Foi me convidando para entrar,imagina,falei comigo:
- Pois se nem sabe ao certo quem eu sou...
- É,se posso ser maluco,maníaco,psicopata ou escritor.
(...)
Elogiei o sorvete,disse:
- Hum,muito bom !
Ela disse:
- Eu que fiz.
Os dois mentimos...os queríamos era:
- CAMA !!!
(...)
E lá esquecemos de amores e flores,passados ao tempo com um toque de esquecimento,porém,em mim,amores presentes,presentes...ligando.
- Não é ninguém !
Menti,desligando o celular
- Quem é na foto? perguntei.
Ela mentiu.
- Meu irmão.
(...)
Ficamos ali durante horas,fazendo perguntas e mentindo nas respostas.Era algo maravilhoso aquilo,ali,bate e volta,sem nenhum compromisso ou preconceito,sem consequência.
E passamos assim toda a noite,até o sol nascer e ela me acordar cedo,o que eu odiei...
- Te acordei?
- Não,sem problema,sempre acordo nesse horário.
Me serviu o pior café da minha vida.
- Que delícia de café você faz. sorri.
- Todo mundo diz isso. (M-E-N-T-I-R-A)
De repente ela me sorri e diz que teve ali sua melhor noite de toda a vida,os olhos dela brilhavam e eu quase acreditei,pensei.
- Ah não,ela não pode sair assim por cima.
Não resisti e contra-ataquei.
- Casa comigo?
A face dela mudou,parecia um cachorro de rua prestes a ganhar um grande e suculento pedaço de carne,senti que tinha quebrado a vidraça,estourado a bola,batido o trem,derrubado o avião,e que avião...entende?!
(...)
- Você tá de brincadeira,né?
- Quer dizer,você nem me conhece direito.
- Olha,eu acho que te conheço o bastante...(N-Ã-O)
- Eu nunca falei tão sério (e tão falsamente) na minha vida.
(...)
O fim da história é que ela aceitou e eu inda prometi fazê-la a mulher mais feliz do mundo,claro,menti.

Allan Bonfim.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Scooby

Tá lá estirado no carpete da sala,agora passa a tarde toda assim,quando quer se levanta e se arrasta até onde tenha sol,meio cambaleante,quase morto,um esqueleto,já que era tão alegre.E não mais lembra os tempos em que corria e abanava seu rabo de alegria,até seu focinho está mudado,e quem disse que a morte não tem cara?
Sua visão se mostra prejudicada na habilidade de perspectiva,não mais desvia dos móveis que,imóveis nada podem fazer a não ser esperar o impacto do pobre cãozinho cego.O físico é desanimador,assim como seu olhar,um olhar perdido,como se pedindo algo que,não posso,não devo.
E a vida nos ensina muita coisa,talvez até em parceria com a própria morte.

Allan Bonfim.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Em apelo.

Ah minhas queridas linhas,não deixem eu me perder,não que eu estivesse perdido.
Ah minhas queridas linhas,não deixem lhe abandoná-las,não q'eu tivesse abandonado.
Ah minhas queridas linhas,não deixem que eu as deixe vazias,não que eu...
Ah minhas queridas linhas,não deixem que eu me omita,pois não ter opinião é um martírio.
Ah minhas queridas linhas,não deixem ser omitidas,eles não podem fazer isso.
Ah minhas queridas linhas,não deixem que a tristeza me afogue,amar é inevitável.
Ah minhas queridas linhas,não deixem se envaidecer pela importância que lhes dou,só.
Ah minhas queridas linhas,não deixem um solitário,pois no mundo ainda há verdades e sonhos.
Ah minhas queridas linhas,não deixem jamais que acabe a esperança,é aquele papo de antes.
Ah minhas queridas linhas,não deixem o escritor ir embora
Ah,minhas queridas linhas,não deixem o escritor morrer,não que ele estivesse morrendo.

Allan Bonfim.

sábado, 17 de abril de 2010

Abril,esse tal de mês 4...

Abril,Abril,Abril...abriu pra mim,um mês de tantos outros significados,nem vi Páscoa,muito menos ressureição,disseram mentira na televisão,novidade?!
- Não !
Vi morte,vi chuva,perdi até um guarda-chuva,aquele não,aquele outro lá,me veio à cabeça Cuiabá.
A menina me deu uma chance,quero viver,quero morrer,quero aproveitar,se der no intervalo,me sujeito a amar.
E são só dezessete,o que virá aos vinte e sete?
Vai vir alguém voando e falando da paz mundial,vai ter gente rindo,até lá...
- Já é assunto banal...
Eu inventaria um partido,mas tô cansado,uma religião,mas tô descrente,um lema de vida,mas tô doente,e aí?!
- Alguém compra o meu show?
Tem gente aqui sóbria a três horas,e essa insônia não me deixa,me veio a cabeça ameixa.
Você pode escutar a música?
- Desculpa,é quase um vício,mais pra frente eu cuido disso.
Cuidado é a palavra,já faz um tempo,não bebo água...
São as águas de Março fechando o verão...Março?
- Não,as de Abril mesmo,que lavam,enxugam e matam o povão.
...abriu pra mim,um mês de tantos outros significados,nem vi Páscoa,muito menos ressureição,disseram mentira na televisão,novidade?!
- Não !
----------- pois é ----------
marcelo camelo.
pois é, não deu
deixa assim, como está, sereno
pois é de deus tudo aquilo que não se pode ver
e ao amanhã a gente não diz
e ao coração que teima em bater
-
avisa que é de se entregar o viver
avisa que é de se entregar o viver
-
pois é, até onde o destino não previu
sem mais, atrás vou até onde eu conseguir
-
deixa o amanhã e a gente sorri
que o coração já quer descansar
clareia a minha vida, amor, no olhar
clareia a minha vida, amor no olhar
Allan Bonfim.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Por tanta lama que a gente limpa

Mais um dia comum na acalorada Cidade Maravilhosa (com letra maiúscula sim),os trabalhadores cansados se dirigiam aos pontos de ônibus,os trabalhadores cansados dirigiam seus carros as vias e avenidas em mais um fim de turno,os motoristas de ônibus (trabalhadores cansados) dirigiam seus enormes carros em direção aos pontos de ônibus em mais um horário de 'rush'.De repente,uma chuvinha pra alegrar os corações...
- Ah,tá aí,chuva era só o que faltava,agora a Rio Branco vai ficar o ó.
- Ih,gente olha a chuva aí,parece que ligaram a 'torneira'.
- Poxa motorista,tô há um 40 minutos aqui,isso é sacanagem de vocês.
- Senhora,a Presidente Vargas tá toda parada,inda não aprendi a voar não.
- OLHA O GUARDA-CHUVA,AQUI NA MINHA MÃO É MAIS BARATO,UM É 5R$,DOIS É 10R$,E TRÊS É PROMOÇÃO ESPECIAL HEIN...SÓ 15R$...OLHA O GUARDA-CHUVA,HEIN...
- Gente,que chuva é essa?
- Caiu o céu,dona !
- Sabe me dizer se já passou algum 'Campo Grande'?
- Não,passô não,eu também tô esperando,e tá demorando.
A chuva de fim de tarde,não era exatamente a chuva 'de fim de tarde',e em trinta minutos os cariocas iriam perceber...
- Nossa,safado,não podia desviar da poça não !!!
- FILHO DA PUTA,fez de sacanagem mesmo,numa dessa é que nego mata um.
- Ó,vô tratar de entrar na padaria,essa água tá subindo muito rápido.
- O quê??! tudo alagado?!!? nãão...
- É,essa chuva né brincadera não,vai enche por aí...
- Meu filho acabou de ligar e falou que o Aterro do Flamengo tá todo cheio.
- Mas ali é normal,sempre enche se chove muito...
- Aterro cheio é?!
- É,meu filho falou que a água tá na porta dos carros.
- Nossa,se continuar a chover assim,como vou chegar em casa?
- Mora onde você?
- São João De Meriti.
- É,dizem que lá enche muito...
- O quê,Caxias enche MUITO MAIS !!!
- Isso é.
E ia se constatar mais tarde um pouco,em um,dois e de repente sete desabamentos em Gramacho-Duque de Caxias,era morador se agarrando no que tinha,se agarrando numa vida inteira,se agarrando e se soltando da vida.
- BOOOOM !!!
- Edivaldo !!!
- O quê,mulher?!
- Tá entrando água pela parede..
- Agora não posso,tô isolando a porta.
- Tá rachando,Edivaldo,a casa vai cair.
- Que cair o quê?! não vai cair nada hoje não.
- Segura as criança e fica quieta aê.
- A gente vai morrer,mãe?!
- Não,vai ficar tudo bem,tudo bem...
....
- Zé,acho que a casa da Marineide tá despencando...
- Será?! meu jesus do céu !!!
- Vamos lá ajudar,Zé !!!
- Num dá pra sair agora não,o que a gente vai fazer lá?!
- Afinal,acho que eles já devem ter saído...
E mais mortes de famílias inteiras foram acontecendo,pela baixada,zona norte e sul,os serviços públicos de nada sabiam ainda.
- Aê Marcelo,tá tudo alagado,dá uma olhada nessas câmeras.
- Cacete,e agora?!
- Desvia o trânsito da AV2 pra AV5.
- É,seria simples se TODAS elas não estivessem cheias.
- Nossa,tá o caos isso,hein...
Caos era a palavra que mais se ouviria naquele 6 de abril de 2010,atípico seria a desculpa mais plausível e a única que deu tempo pra se pensar.
- Estamos aqui com um controlador de tráfego da CET-RIO.
- Controlador qual é a medida a se tomar em um momento como esse,em relação ao trânsito?
- Bem,não há medida alguma a se tomar nesse momento extremamente atípico,porque não há trânsito.
- Se a gente tira o motorista de uma via que se encontra interrompida,logo ela vai cair em outra.
- Cadê a municipal num momento desses?
- Ôh Marco,dá uma ligada pra guarda municipal aê !!!
- Alô,guarda municipal,bom dia.
- Olha,aqui é do controle de tráfego,porquê não tem ninguém na rua??
- Olha,primeiramente bom dia...
- BOM DIA?! VOCÊ ASSISTE TV,MEU AMIGO??!
- Você sabe qual é o horário de fim de turno na guarda?
- 18 hrs,e daí?!
- Exatamente,todo mundo já tinha sido liberado quando a chuva começou...
- Eu quero saber é porquê não tem ninguém na rua HOJE !!!
- Você assiste tv,meu amigo?!
- Como os guardas vão chegar com o caos que está?
- Olha eu não quero perguntas,eu quero solução.
- Até a tarde prevemos metade do efetivo já nas ruas...
- METADE SÓ?!
- Olha também não sou Deus,amigo.
- Tudo bem.
- Um bom dia pra você.
...
- Escuta,eu não posso abrir as escolas sem polícia na rua,não tem ninguém pra garantir nada.
- Então Cabral,você concorda comigo no fechamento das escolas imediatamente?!
- Claro que sim,já mandei o comunicado à imprensa,a Globo tá tão preocupada com as enchentes que nem deve ligar pra isso.
- Tudo bem,mas e quanto a lama?!
- A gente limpa.
- Ah,menos mau,porque tem turista na cidade...
- É,sempre tem.
- E o povo?! ...vai ter catástrofe,pode ter gente revoltada.
- Eduardo Paes,fica tranquilo,o que mais essa gente gosta além de mulher?
- Futebol.
- O jogo do fla eu realizo até essa o fim da semana...
- Mas amigo,hehehe,o maracanã tá um...
- A gente limpa,a gente limpa.


- Obrigado Governador,pelo esclarecimento.
E assim foi durante toda a terça,imprensa em cima das autoridades,autoridades em cima dos seus tapetes e sobrevoando o povo com suas explicações e soluções paliativas,sem esquecer,é claro,das acusações as gestões anteriores,garis nas ruas limpando a lama,ou apenas a movendo pra outro local,e coitada da classe média e alta,ah,como sofreram,não puderam sair pra sua corrida matinal na beira da lagoa,naquele dia,só se podia era nadar,mas se improvisou,houve quem pegou a prancha e a pickup e foi surfar na frente do Rebouças,os pobres,feliz são eles,ficaram onde sempre estão,em suas casas,rolando e morrendo na lama,sem ninguém pra lhes assistir,digo,com muita audiência,morte,tragédia,dá ibope,viu?!
E uma cidade sede de jogos Olímpicos,sede de Copa,despreparada não,suja,com as aspas que quiserem colocar...
inda ontem em niterói,Morro do Bumba,hahaha,contruíram em cima de um lixão,um pouco mais de sessenta casas (60,leia bem),sim foi ontem que fizeram todas elas,pois acredite,nenhuma autoridade sabia da existência daquele lixão,pois então não sabiam da existência da região,pois então ela não estava lá porque político NÃO MENTE.pois é,acontece que A CASA CAIU,quer dizer,as casas caíram,talvez duzentas pessoas estejam lá embaixo,se perguntando porque fede tanto aquela terra...


RESULTADO=192 mortos até agora e um estrago do CARALHO,mas não tem problema não,"a gente limpa,deixa a lama,a gente limpa"
----------------- é de lágrima --------------
Marcelo camelo.
é de lágrima que faço o mar pra navegar
vamo lá
eu não vi, não, final
sei que o daqui teimou de vir tenaz assim
feito passarim
é de mágica que eu dobro a vida em flor
assim
e ao senhor de iludir
manda avisar que esse daqui
tem muito mais amor pra dar
eu,paralisado abaixo do Cristo Redentor,pude dizer concerteza que,um dia,o Deus chorou


Allan bonfim.

domingo, 4 de abril de 2010

Me atento ao tempo lá fora,engraçado,não chove,não venta,noite calma.Eu me conformando com o fato de você não estar em nenhum lugar,amanhã é Páscoa,sabia?!
Uma vontade me bate de sair,blusa,calça,nada demais,ali,logo ali.Na praça é gente saindo e chegando,pra lá e pra cá,no ponto a senhora encontra seu filho,uma festa no outro lado da rua,vantagem pro vendedor de hot-dog que monta sua barraca,tudo parece normal,menos eu que,tentando concentrar no livro,me desconcentro com uma moça que passa lá na calçada,parece com você,tem teus cabelos e suas feições,ela me sorri,eu lembro,gol,gritam os meninos no campo de terra,uma felicidade simples,correndo atrás da bola,observo e parecem os novos 'Ronaldos' e 'Robinhos',com suas 'pedaladas' e seus 'chapéus' geniais,é o Brasil,lembra do cigarro que eu tinha largado?
Eu nunca entendi as luzes daquele hospital,mais parece a faixada de um museu,e essa coisa que não sai de mim,saudade,voltar pra casa e ao sair a tristeza me acompanha,no caminho,lugar bonito e tranquilo,bairro bom,chego em casa e aquela caixa,você nem gostava de chocolates,não é?
Um brinde a você,eu lembro,uma música pra ouvir...

------------------ SAPATO NOVO ------------------
marcelo camelo.
(...) - Bem, como vai você?,levo assim, calado
de lado do que sonhei um dia
como se a alegria recolhesse a mão
pra não me alcançar
poderia até pensar que foi tudo sonho
ponho meu sapato novo e vou passear
sozinho, como der, eu vou até a beira
besteira qualquer nem choro mais
só levo a saudade morena
e é tudo que vale a pena
Allan Bonfim.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Luana./1ª,de Abril.

Luana
E eu que tanto lhe falei,tanto te cuidei,confesso,não o bastante,mas sempre teimosa e decidida,nem me escutou,não quero dar a ninguém lição de moral,não quero,só o que desejo é levantar a seguinte questão:
- Eu,como fico agora,pensou nisso?

Não sabia na manhã desse dia,na verdade,nem acordado estava,mas que grande peça me pregou o primeiro de Abril,isso não se faz não,e,por instantes fiquei eu,morto,aquele momento em que você fica sem reação,o mundo desaba e ninguém vê ou percebe,queria que alguém sentisse o que eu senti e ainda sinto,queria que você sentisse,que soubesse,que estivesse aqui pra eu gritar com você,mas não está.
Esperei o sonhado 2º,de Abril,ele me faria acordar e me livrar da mentira que o primeiro havia me contado,mas você foi a única que não acordou,era verdade,era verdade...
---------- <> -----------
1ª,de Abril.
De tantas vezes lhe falei,e ainda acho que falhei
Tanto que eu quis te mudar,esqueci de te avisar
Você sempre zombando,parecia até estar esperando
Andou até se afastando,e aguardou todo o Março passar
Pra enfim no 1º de Abril,você me deixar.

E onde foi,eu sei que sabe,mas me vale muito dizer,Luana,te amo.

Allan Bonfim.

terça-feira, 30 de março de 2010

Mendigo de mim.

Me deixe aqui pensando que eu prometo não fazer mal a ninguém,e se algum mal eu fizer,pode me punir,pode me jogar na cadeia,e me deixem lá por anos,que assim eu volto mais revoltado,mais decidido,e talvez,até mais forte.Tem gente idiota que para no tempo e começa a ver o passado se arrependendo daquilo tudo que conquistou,dá neles uma espécie de desânimo,uma reflexão babaca que diz:
- E agora que eu cheguei aqui e conquistei tudo o que eu queria,o que eu farei?

Oras,vá aproveitar o que conquistou,vá desfrutar das maravilhas dessa vida,se conquistou àquela mulher,saia com ela de saia e se divirta com os marmanjos a olhar,deixe ela gastar teu dinheiro,afinal,você não fará nada mais legal com ele mesmo,transe com ela,mas transe muito,porque se um dia ela te trair,pelo menos você pode dizer que foi feliz e bom enquanto durou,e se o que conquistou foi àquele carro,corra com ele,ultrapasse sinais,passe rápido nos quebra-molas da vida,jogue a água das poças nos cachorros das calçadas,buzine pra moças do colegial,busque sua mulher no trabalho,faça ela feliz,faça uma viagem.E se o que conseguiu foram os filhos,curta eles,faça-os felizes,lhes compre sorvete e chocolate,leve-os ao parque,sorria pra eles e lhes dê muito carinho,afinal,eles vão provavelmente cuidar de você,quando você voltar a ser criança,quando lhe cair todos os dentes,quando fores só embriagues do tempo.
Pois bem,eu lutei,eu conquistei,tudo isso,mulher,carro,dinheiro,filhos,e agora sinto que,de nada valeu.Estou limpo e perfumado,mas sinto o mau cheiro daquilo que não fiz,estou de terno,bem alinhado,mas sinto-me bangunçado e desarrumado,pelo rumo que a vida me levou,me arrastou,e olha que cheguei aqui,na maioria das vezes,sobre rodas,mas sinto o cansaço nas pernas de quem andou o mundo,de quem fez um caminho que não era seu.
É,já estão meus filhos criados,bem sucedidos,mas eu permaneço aqui,parado nessa cama que é até confortável.Eles não sabem,mas toda a alegria que senti,os risos que eu ri,era tudo deles e não meu,e não adianta baterem na porta e me chamarem pra fora porque eu não vou sair,agora com a vista cansada,vejo com clareza tudo que eu queria,mas de nada adianta,já tenho tudo isso,já tenho todo esse poder,toda essa riqueza,nada posso mais fazer,minha vida é assim,e justo no fim dela,me descobri mendigo de mim.

Allan Bonfim.

terça-feira, 9 de março de 2010

O amor

Me fez feliz.
Quase me derrubou.
Foi infeliz.
Se foi e não voltou.
Mudou meu jeito.
Saiu do peito e saltou.
Te agarrou.
Pintou teu cabelo.
Agora é roxo.
É um desgosto gostoso.
É 20,30 ou mais.
Sabe bem o que faz.
Não sabe nada do que faz.
Não te explica não,sabe?!
Cabe onde mais nada cabe.
Sai por AÍ pra pegar VOCÊ.
me faz esperar AQUI sem TE ter.
Às vezes é engraçado.
Deixa gente com peito rasgado.
Nos faz rir feito desesperados.
Tem o jeito quente de ser.
Tá em mim.
Tá em você.
Vai saber.
Vai um dia explicar.
Vai fazer entender.
Que se sente é pra aprender.
Que se sente é pra sofrer.
Que se sente é pra amar.

...é nada mais,amor.

Allan Bonfim.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Era uma vez em Barguilândia (Acorda,Brasil)

Mais um dia em Barguilândia,uma manhã ensolarada pede licença e atravessa as cortinas,implorando ao menino que acorde.As flores com gotas de orvalho em suas pétalas,e o cheiro da terra úmida complementam o cenário.Ele se levanta e se lava no lago,lago lindo com água cristalina e um bem estar que só quem é feliz sente,sente vontade de sorrir e sorri,mesmo que seja só por rir.
Prepara com atenção o café,aquele com cheiro conhecido,que lembra o da sua mãe ou o da sua avó,biscoitos de forno,chocolate,polvilho,tem de tudo.Pães de queijo quase se perdem no meio das frutas,são tantas,maçãs,ameixas,uvas das mais diversas cores,sim,bem ele come porque é feliz,começa então a sequência de sucos,manga pra animar,laranja pra dar força,um de pitanga pra dar graça.Sai da mesa,em sua casa a visão é panorâmica,é só imaginar um disco voador transparente todo cercado de vidro,e pronto,lá está.E o menino caminha pra fora,passa pelo jardim e é tanta beleza nesse mundo,vai,vai sim caminhar,passa pelo viaduto que paira sobre o parque onde outras crianças brincam,vai até o mercado central,que é o ponto de troca da Barguilândia,onde cada produto tem o seu valor fixo de troca,pois o dinheiro não existe em Barguilândia,e também não existem 'dores de cabeça' com contas de água,luz ou telefone,tudo é gratuito,tudo é livre,todos cumprem o seu respectivo trabalho em favor do conjunto.
O governo de Barguilândia é formado por todos os seus membros/habitantes,todos eles,e é dividido em distritos e todos têm direito semelhante,mas,se por algum acaso alguém ousar prejudicar a constituição barguilandense,esse alguém é punido sendo expulso da Barguilândia.Aqui nesse mundo fantástico e limpo,todos têm a consciência moral,por isso,nunca verá ruas sujas ou águas poluídas aqui.
O menino volta do mercado central com suas compras,regou as suas flores e foi brincar,sim,brincar,outro detalhe muito importante é que todos os membros/habitantes da Barguilândia são crianças,seu ciclo vital é normal,com uma diferença,não crescem jamais,não perdem a inocência,acho que isso ajuda na reciclagem do sistema da Barguilândia.
Na brincadeira,os dois sobem em suas respectivas bicicletas e pedalam em direção a estrada central,que leva ao mercado central e passa pelo vale central,sobem arduamente a rua de terra que dá pra estrada,o sol ainda arde os raios da tarde,e como num toque de mágica a subida se transforma em uma descida em ladeira,eles largam o guidão e abrem os braços,o menino sente uma brisa fria cortar a face,ele ainda escuta a menina dizendo para abrir os olhos e freiar,ele atende o pedido,e se depara com a barreira lateral da estrada,o medo lhe congela,e seus dedos não respondem e não tocam os freios,ele simplesmente se deixa cair,e imediatamente sente o corpo pesado,é como se despencasse parado,apenas escuta uma voz suave dizer:
- abra os olhos !
Ele atende o pedido pela segunda vez,e,pra sua surpresa,o sol não mais brilha pois é noite,em sua cama,seu corpo não é mais de menino é de homem,sua casa não mais é de vidro,nem tem visão panorâmica,ele se levanta e pelo caminho,na mesa da sala vê a carta de mais uma prestação da moto,olha à janela e nada de plantações,só carros e prédios,indo até a cozinha,ele vê guardada em uma fruteira,uma maçã esquecida que apodrece em desprezo e ele finalmente cai em si,está em casa,seu país não é nada perfeito,é cercado de corrupção,sujeira e violência,se dirige ao seu computador e após uma longa reflexão,solta um riso e diz:
- Barguilândia,né?!

Allan Bonfim.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Real fantasia (Pra quando o carnaval chegar)

As cortinas se mexem,o palco já está quase pronto.
Vai começar o "carnaval"....
Ajeitem-se em suas cadeiras,liguem suas tvs.
Vai começar o "carnaval"....
saiam por aí,Pernambuco,Rio,Bahia.
Vai começar o Carnaval...
Mas por favor,não comprem balas dos meninos que vendem balas.
Vai começar o "carnaval"...
Não comprem balas,pois os meninos levarão balas.
Vai começar o "carnaval"...
Retiramos os 'encostados' das ruas pra vocês.
Vai começar o Carnaval..
Andem nas ruas e consumam bastante.
Vai começar o Carnaval.
Sintam-se seguros,a polícia está ALERTA.
Vai começar o Carnaval...
Nada de urinar nas ruas,nessa época é feio
Vai começar o Carnaval...
Corram policiais,escondam os corpos,
escondam as balas,os turistas vêm/veem aí.
Vai começar o "carnaval"...
Sorriam,gente feliz é o que somos,
mesmo debaixo da chuva.
Vai começar o Carnaval...
Mesmo debaixo da água,de toda essa 'água'
Vai começar o "carnaval"...
Afogados salvem-se,'afogados' emerjam.
Vai começar o Carnaval...
Levem cinco dias de boa vida e felicidade.
Vai começar o "carnaval"...
Esqueçam os corruptos e apertem suas mãos.
Vai começar o "carnaval"...
E olhem lá.
Vai começar o Carnaval...
A Colombina fugiu do Pierrot de novo.
Vai começar o Carnaval...
Cautela nas estradas.
Vai começar o "carnaval".
Eu sou o Pierrot,
E o Arlequim diz:
O CARNAVAL JÁ COMEÇOU !!!

Allan Bonfim.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Era Tico,Allan e Eu (Pra publicar é preciso)

Puxou a cadeira e sentou-se com as mãos apoiadas na mesa,a frente,dois seus discutiam loucamente sobre a publicação:

- Eu prometo fazer algo inédito,algo que vão gostar.
- Inédito como?
- Oras,inédito.
- Veja bem,pode ser que não gostem.
- Tô falando,vão gostar.
- E num dá pra dar uma prévia?
- Vai deixar de ser inédito.

Sentindo o caminho que a conversa ia levar,ele pede a palavra e diz:

- Tá,eu autorizo,mas vai ter o meu nome no final.
- Ih,minha opinião não vale mais nada aqui não?
- Sinceramente...não !
- Eu que dei nome aquilo !
- Quem é o cabeludo?
- Você.
- Pronto,está decidido.
- Não,não é assim.
- Sim,é assim sim,fale-me mais sobre o 'inédito'.
- Bem...
- Espera aí !!!
- Ai caramba.
- Eu respondo os comentários,eu comento nos outros blogs,organizo tudo lá.
- Eu escrevo os textos.
- Grande merda...
- Tire os textos e veja o que sobra então.
- O espaço cabeludo.
- Totalmente sem cabelo.
- Mas com muita cor.
- Cor só tem graça em cabelo.
- Ele tem razão.
- Você fica quieto.
- Não,você fala,conta logo sobre o inédito...
- Não posso.
- Ahn?!
- Deixa de ser inédito.
- Tá.vai ser legal? terá conteúdo?
- Sim,sim,concerteza.
- Então só quero o meu nome.
- Tá bom.
- E eu?
- Tico,eu deixo você dar as cores.
- Sério?!?! *o*
- Claro.
- E você,o que vai querer?
- Eu?
- É,você !
- bem...eu escrevo (:

Allan Bonfim...Ticoético e Eu.



ps:o motivo de eu ter ficado tanto tempo sem publicar foi um erro provocado por uma leve distração (tinha programado a publicação pra daqui a cinco anos) a falta de tempo também entra na receita,enfim,aproveito o pós-script pra falar um pouco do escrito acima,foi uma coisa que me ocorreu enquanto escrevia um texto que será publicado a seguir,achei interessante registrar pra você que lê ter uma idéia vaga do que ocorre na minha mente e na mente deles (Tico e Allan),um bom dia a todos,meu turno acaba aqui,vou dormir.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Amor de Quinta (Felizes pra sempre)

Sentaram na cama os dois para dormir,mas não foi uma ida de quem sente sono,foi uma ida obrigatória,como se a idade não mais os permitisse ficar acordados depois das nove e meia.Era triste,mas estavam conformados com a senilidade.Puxaram a coberta e se deitaram,aí se entreolharam,no olhar dele pra ela,parecia lembrar da juventude,de quando chamava carinhosamente de 'nega' aquela moça de pele clara,e corriam os dois na grama verde da Quinta da Boa Vista,parecia lembrar dos sorvetes divididos ou não na pracinha por falta de dinheiro,parecia lembrar do 'penar' que foi até o primeiro apartamento,da emoção ao saber da primeira filha,a subida dentro da firma onde muito duro deu.
Ela,em seu olhar,parecia lembrar de sua beleza juvenil,já distante a tempos e substituída por uma pele que não parecia sua,enrugada era,parecia lhe cobrar os passeios,lhe cobrava as 'loucuras românticas' de muito tempo atrás,parecia lembrar da emoção de ser carregada desde o portão até a sala por seu 'moreno da pele preta',como o chamava.
Mas algo a mais acontecia naquele quarto,era o encontro desses dois olhares,e esse,perdoava a intensidade romântica perdida,entendia que o corpo já não atendia a necessidades emocionais,lembrava que a velhice trouxe coisas boas,como duas bisnetas e a tranquilidade na percepção,esclarecia e obrigava a aceitação do estado atual,fazia esquecer os conflitos de outrora e mostrava que estavam ali,este tempo todo juntos,não a toa,mas que era inevitável a dominação da rotina.
Os dois,ali,nesses dois segundos,entenderam-se,disseram um "boa noite",ele apagou a luz e viraram-se cada um para o seu lado.


...sentindo algo a explicar,ela acende a luz e solta a pergunta:
- Mário,se alguma moça jovem e bonita aparecesse e o quisesse,você assim,me largaria?
Ele,surpreso com a pergunta,virou-se e disse:
- Como é que é,minha velha?
- Perguntei se me deixaria se uma moça jovem lhe quisesse.
- Ora,minha velha,depende da jovem,né? ele diz em tom sarcástico.
Decepcionada,ela retruca:
- Oh,deixe então velho safado,que te arranjo uma bem enxuta !
- Minha velha,não tem jeito.
- E o que não tem jeito?
- Eu te amo,minha nega,te amo e não há mais como se livrar de mim,minha velha.
Uma lágrima,inevitável e incontrolável a essa idade,caiu dos olhos daquela velha que aos poucos ia percebendo e sentindo a força do que unia os dois,e ela respondeu:
- Ô meu preto velho,te amo tanto,mas sinto aquele nosso amor tão sumido...

- Não tá sumido não,ele agora tá mais tranquilo e sublime.
- Mas onde tá a paixão?
- Ih,essa se perdeu faz tempo...

- Ora pois,veja aí então.
- O quê que tem?
- E isso é bom?
- O quê? (a mente já devagar)
- A paixão perdida,Mário,o que mais seria?
- É claro que é bom,velha,agora só nos resta o amor,este sem paixão,se torna mais bonito,se torna um amor puro.
Ela torna a transbordar sua emoção nos olhos,no fundo sabia,aquilo só precisava ser dito e respectivamente ouvido.
- Mas maria,está parecendo uma torneira esta noite.
- É a idade velho,é a idade.
- Eu sei,minha moça,mas vamos dormir,han?
- Sim,meu velho,sim.

Apagaram a luz e novamente se viraram cada um para o seu lado,ela agora,tinha seu coração renovado,apenas emocionalmente,o que já lhe bastava,sabiam os dois que a vida era ali,a idade não mais lhes permitia planos à longo prazo,então viviam como jovens,cada dia intensamente,e foi assim até suas mortes,mas eles se amaram tanto,mais tanto,que até hoje,tem gente que jura que viu o casal de velhinhos correndo jovens pela grama da Quinta Da Boa Vista.

Allan Bonfim.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

No Zoo (Eu,leão)

Eu leão,
me tiraram as garras
Eu leão,
me tiraram família
Eu leão,
me tiraram a força
Eu leão,
me tiraram a liberdade
Eu leão,
e quando essa gente me vê
Eu leão,
quase sempre estou cansado
Eu leão,
agora como carne fria
Eu leão,
há muito não sei o que é correr
Eu leão,
sinto saudades da leoa
Eu leão,
lembro dos tempos de vento na cara
Eu leão,
agora à noite fico sozinho
Eu leão,
agora sinto até frio
Eu leão,
agora 'vivo' numa jaula
Eu leão,
já não sou àquele leão
Eu leão,
de tanto remédio o coração não aguenta mais
Eu leão,
cansado de toda essa gente
Eu leão,
não mais ligo pro tempo
Eu leão,
só espero morrer
Eu leão...não,hoje não tem leão,não mais.

Allan Bonfim

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Prainha,uma pra contar (Letícia)

Mais uma vez ter que mergulhar,descer ao fundo e tentar encontrar o sonho que eu perdi,correntes fortes em todo lugar,mudando tudo quando tudo está no tom pra ter um fim...(ouvindo 'Quicksand' de David Bowie cantada por Seu Jorge)

[...] e logo estamos na praia,chegamos,nos instalamos na areia,areia fina,parece que caminhamos em algodão doce.A água é multicolorverde daqui agora,caminho até lá e dou um mergulho,não,o mar não tá pra peixe e muito menos para mim,então observo muito da areia,vejo os morros altos e verdes que cercam estas águas fazendo lembrar àquelas figuras que eu via nos livros de história no tempo de primário,aos pés deles,pedras parecem conter a água dizendo:
- Voltem moças,voltem belas ondas,o mar é seu lugar !!!
Pra ser sincero,não sei por quanto tempo elas irão obedecer as sábias e velhas pedras,mas tanto faz,pois hoje é sábado,tanta gente feliz na areia,e eu decido andar até as pedras,pura curiosidade da vista lá de cima.

Mesmo encontrando dificuldade pra subir,algo forte me move até lá,pés no chão,lá em cima a primeira curva com vista pro mar,confesso,apavora,mas sigo,pronto,aqui é lindo,pensei.Alguém me diz algo que não entendo,olho pro lado,uma jovem,voz feminina,moça na pedra,é Letícia,assim me conta enquanto conversamos,e como conversamos,falamos sobre gente conhecida,sobre mim,sobre ela.
- Licença por favor,dizem as pessoas.
Fico bestializado com o modo rápido com que descubrimos os lugares bons,decidimos sair dali,estamos sentados no meio da trilha,ela quer ir para mais longe da praia,e quando chegamos,eu quero ir até o pontal,digo que deve ser lindo,o que iria se firmar verdade um pouco mais tarde.Caminhamos os dois até lá,as pedras com ferimentos antigos,castigam os pés,agora a água se mostra azul,límpida,uma pequena tartaruga se exibe dentro d'água,parece se mostrar para nós e dizer:
- Vão,curtam a paisagem,é linda,é linda.

E é o que fazemos,continuamos o caminho e chegamos ao destino,e que lindo é,são pedras aos nossos pés encontrando com o mar,esse não é o mar de praia,é aquele,o alto,que chamamos de alto,na verdade,fundo,é alto mar,o perigoso é lindo,avistamos outra praias,mas nada de areia,essas são de pedras.
Duas pedras a nossa frente,geram um espaço côncavo por onde as ondas entram e batem,e lambem as pontas dessas mesmas pedras,eu me aproximo,a visão é do horizonte e a água agora é púrpura,ela se mostra encantada,registra tudo na máquina que carrega consigo,e de repente se dirige às mesmas pedras que me encontrava e grita incessantemente:
- É muito lindo,é muito lindo,é lindo !!!!
Penso que a tartaruga tinha razão,e ela também,parece estar em êxtase,e o perigo se mostra,uma onda forte bate,e as pedras avisam:
- Não se perca na beleza,a beleza afoga,a beleza afunda.
Eu apenas a aviso pra não chegar muito perto da beira,ela concorda,e ficamos os dois observando a paisagem,tempo depois,ela parece lembrar de algo e:
- Tenho que ir,vai voltar ou ficar aí?
Ponho em prática meu pouco cavalheirismo e digo que acompanho-a na volta,as pedras como sempre castigando os pés,entre as águas,avisto a mesma tartaruga que agora diz:
- Vai-te,mas volta,volta logo,volte sempre !!!
Seguimos o caminho e as pedras,não por acidente,deixam meu corpo escorregar,a marca se faz no pé,e elas dizem:
- Não se preocupe,é lembrança,lembrança de nós,lembrança de Letícia.
Eu sigo,seguimos caminho,com aquela dor,uma dor nem tão grande,mais a frente,um cacto,deixaria uma lembrança em seus pés,Letícia,um pequeno furo,chegamos ao ponto da primeira conversa,meu celular toca,e é a gente se retirando,saindo da praia.Observamos,e em direção a praia seguimos,seguimos o caminho,aquela curva,confesso,inda apavora,descemos,chegamos a praia.
- Vai ficar?
- Tenho que ir.
Ela me passa o orkut que mais tarde seria apagado de forma desconhecida,e seguimos,com um pé furado e outro esfolado,seguimos o caminho,agora diferente pra cada um,poderia ser um GRANDE amor,poderia ser uma GRANDE amiga,não sei,pois foi só Letícia.

...não acho que seja normal,minha mente me fazendo mal e seu beijo amargo de jiló,e seu beijo amargo de jiló...(espero vê-la,espero ir pra cachoeira,Cachoeiras de Macacú)

Allan Bonfim.