quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O reveillon de Jim Carter (até mais)

O despertador tocou,e nossa,nem parece que são 8 da manhã.Eu me levanto e olho aquele gigante espelho que os caras do hotel colocaram na sala,percebo assim que tô ficando mais velho,tô ficando mais lento,mais curvado...que besteira.
Vou até a cozinha e bebo o que sobrou do uísque 76 que a Mel me deu de presente,eu penso,com a garrafa na mão,o quanto tô sozinho,o quanto o natal me fez feliz porque tinha gente aqui no apê,e mesmo eles não gostando nada de mim,eram uma companhia,enfim,me vejo só,anoitece lá fora,e eu pego o cigarro e vou pra varanda.Enquanto procurava o maço pensava em me jogar fora daqui,seria lindo sentir meu corpo debilitado cair do sétimo andar e ao chegar ao chão estalar fúnebremente.
Me dirijo a varanda,com o cigarro na boca,e quero pular de primeira,mas,eu escuto o que parece ser o barulho de uma multidão,estão todos lá embaixo,vejo no celular que é noite de trinta e um,31 de dezembro,é reveillon,e eu aqui,só,no alto do apartamento,esperando aquela maldita gente sair lá debaixo da minha sacada,será que nem suicídio eu posso fazer?! ...a gente não sai,permanecem lá por toda a noite e chegam a virar a madrugada..por fim eu desisto,caio bebâdo na varanda,amanhã será mais um dia entendiante.

Allan Bonfim,que mesmo sem inspiração queria deixar um último texto aqui,desejo a todos os leitores e amigos,um belo fim de ano com quem desejarem,desejo que a gente não se perca,desejo voltar um dia e encontrar vocês,enfim,um Bom Fim.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Retratação natalina (é natal,enfim)

E ao olhar tanta beleza,me senti injusto com tal a data,me senti injusto com aquelas pessoas,me senti injusto comigo mesmo,pois foi ali que vi,era natal,natal de verdade....decidi então me retratar.


Já gritei e,admito que foi um grito desesperado de quem já não aguenta a situação social,foi também um grito injusto pois,não tinha nem vivido ainda o natal de que tanto falei.
E então decidi vir aqui novamente,mas dessa vez para falar das felicidades daqueles seres lá da sala,sim,são pessoas felizes que procuram a cada ano,numa mesma data,a chamada felicidade.E digo com quase certeza que eles a encontram,de um modo diferente,a cada ano eles passam com seus entes e amigos mais queridos o que lhes é um marco de fraternidade e carinho.Fazem dessa época um marco de sua vida,fazem dela um tema,do qual há muitas estórias pra desenvolver.
São brigas,declarações,piadas,enfim,uma série de marcadores criados nesse dia,em todos os anos,mas hoje vou apenas mencionar o ocorrido desta noite,meia-noite do dia vinte e cinco de dezembro,o ano não faz muita diferença,já que é pouco mencionado quando se contam as peripécias acontecidas neste dia.

Desde cedo,já trabalham nas refeições que virão a compor a ceia,anoitece e chegam os amigos,tão amigos,que são como da família agora,são uma família,cumprimentam-se e vão se acomodando no espaço,chega também um irmão,de sangue,este o único a estar presente naquela noite,e então,não oficialmente,a festa se inicia.

Parece uma boate,a dança,a luz negra que ilumina o apartamento,poucos são os que arriscam os passos na "pista",poucos são eles ali no recinto,enfim,o pai-Papai-noel chega e,auxiliado pela mãe-Mamãe-noel,entrega os presentes,e precisavam vocês,ver o encanto nos olhos das crianças e quem diria? de alguns adultos também...depois do presente,vão as crianças alegres experimentarem para lá seus novos brinquedos,um dos amigos meio bêbado,pede a palavra,faz um discurso belo e simples ou simples e belo como preferirem vocês,faz um discurso sobre o natal e a amizade deles,àquela presente ali desde o início,vejo então,o tão procurado e aguardado,muitas vezes usado,sim,era ele,ali na sala,bem na minha frente,era o espírito natalino,eles os faz brindar,ele os faz chorar e lembrar de outros natais,puxa também outros mini-discursos que são pura demonstração de amor.Permanece ali,pelo resto da noite,quieto...eles dançam,bebem mais um pouco(minto,bebem muito,muito mesmo),penso à essa altura,terceiro andar,que a alegria está nas pequenas coisas,um pequeno apartamento,ou até,um pequeno copo de cerveja,enfim,dormem,e vejo ali,naqueles corpos relaxados,uma satisfação notória,uma face risonha,e foi ele,foi ele,o espírito natalino.Conversamos um pouco,ele me mostra outros natais por todo o mundo e me manda vos contar.


E ao olhar tanta beleza,me senti injusto com tal a data,me senti injusto com aquelas pessoas,me senti injusto comigo mesmo,pois foi ali que vi,era natal,natal de verdade....decidi então me retratar.

Allan Bonfim.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Pra (não) ser (a)normal (o feliz natal brasileiro)

Pra (não) ser (a)normal,me disseram que era preciso ser ético (e fui,mas fui 'tico' também),disseram-me que precisava ser respeitoso,educado,comportado,mas comportado dentro de quê? dentro de um lugar feio e sujo feito o país?

É,pra (não) ser (a)normal,me dizem até hoje,para não roubar,não matar,dizem pra ser paciente,mas confesso que tô cansado de ver essa calamidade,essa miséria aí fora,e na verdade,não é só cansaço,é também vergonha.Não só a minha,é vergonha de ver os 'engravatados' com vergonha de olhar aos pobres,adoentados e viciados,aos descascados.
E mandam livrar-se deles,com choques de 'ordem',que,na verdade,são choques de medo (medo próprio da miséria),aí mandam tirá-los da frente dos prédios,da frente das lojas,da frente das praias,dos turistas,da frente do povo...

- MAS EU TENHO UMA NOVIDADE PARA VOCÊS ,SENHORES !!!
- ELES SÃO O POVO.
E pra (não) ser (a)normal,me dizem pra não xingar e xingam na frente das crianças (xingam as crianças),dizem pra não roubar e roubam na frente das crianças (roubam as crianças),dizem pra não bater e batem na frente das crianças (batem nas crianças),dizem pra não gritar...e não gritam,eles não têm mais tanta coragem assim,perderam-na em outros natais,pois,agora quem grita,são as crianças,revoltadas,com seus hematomas e sua fome.


Pra (não) ser (a)normal (leia bem,pois não vou reescrever) o brasileiro tem que se calar e sentar no seu sofá,se tiver,pois se não tiver,sente no chão e contente-se com o mesmo comercial de natal da Globo,fique feliz por sua folga no natal,por poder comemorar este natal com sua família ou quem quer que seja,pra (não) ser (a)normal,você tem que,depois de tudo isso,voltar a trabalhar feito um IDIOTA e carregar a MERDA deste país nas costas,enquanto os braços,as mãos e outros membros da lei e da ordem,carregam o vosso dinheiro dentro de suas calças,cuecas e calcinhas,e você,brasileiro fiel que é,vai em 2010 torcer por nossa seleção e reclamar de algum outro escândalo político que,concerteza,acontecerá,enfim...

Foi um dia inesquecível,todos juntos,com suas famílias e presentes,comemorando um belo natal,um feliz natal,num país em desenvolvimento,quase sem fome,com muitas belezas naturais,no qual,nós,o Governo,procura sempre fazer com que o brasileiro,nosso trabalhador,seja mais feliz...


Feliz natal,Allan Bonfim.

sábado, 19 de dezembro de 2009

CARTA ABERTA AO AMOR (é fim)

Ventos sopram mais suaves nesse fim de mais um ciclo,pois ao olhar para trás tudo me parece mais distante e a única coisa que faz sentido é você.Nem eu mesmo encontro sentido próprio,tudo bem que já não encontrava,mas agora parece estar tudo desarrumado de vez,não consigo me concentrar em um simples observar da paisagem sem pensar em você.

Já larguei as velhas e os velhos vícios,já esqueci novos e amores antigos,tá tudo perdido lá trás,não peço de volta e nem me interessa mais.O que quero é te curtir ao máximo,aprender com você,crescer com você,chego a pensar que sem você,não vivo mais.
Quero formar amigos contigo,quero que nos conheçam e elogiem,quero que seja,acima de tudo,uma espécie de confidente e válvula de escape para minhas tristezas,confusões,soluções,alegrias,teorias e mais,quero poder voltar a te ver logo,não posso te tocar mas toco,com minhas palavras,com meus sentimentos,o que tenho de mais sincero.

Enfim,não espero que com isso te emocione,só desejo mostrar o quanto te considero,meu belo e querido blog.

Allan Bonfim.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Jean Barbie,amar é questão de "jeito"

Levanta,sacode,vai pro banho,aí demora mais de um ano.Já fora do banheiro,lápis de olho,brilho nos lábios incrivelmente natural,um pó de arroz básico,batom com tom de pele (pra ninguém quase perceber) cabelo pra cima num gesto rápido com o gel,bermuda,blusa simples,hoje é segunda apenas.
E lá vai Jean Barbie descendo o morro a caminho do salão,desvia olhares em um misto de preconceito e fascinação,mas não,ninguém vai bater nele como já aconteceu,ninguém vai cuspir nele como já aconteceu,ninguém vai xingar tal como aconteceu(não alto).Êta gente preconceituosa,olha com raiva o que não compreende,e Barbie,como não tá nunca "aí" pra isso,entra,corta,fofoca,grita,ri,corta mais e mais,reclama do calor pois inda não tem ar-condicionado no salão,almoça e volta a cortar,e como corta bem o carinha,ou a figura,como gosta que o chame.
- Figura de RESPEITO,ele diz.
Agora é sem dívida uma figura de respeito na favela,fez questão de quitar o volumoso carnê das Casas Bahia.E não tem pra ninguém no pátio da escola de samba,Jean Barbie tem samba no pé,dança como homem mas tem a vontade de uma mulher,tem vontade,tem jeito,tem pinta,tem pinto também,e tem amores,um deles,Jair,é alto,moreno...é o tipo de homem que é querido e desejado por todas as mulheres e odiado e invejado por muitos outros,menos Barbie,que é com dúvida um cara meio diferente.Jair com sua simpatia e responsabilidade,leva as declarações e indiretas de Barbie com muita brincadeira,ele não é tão "diferente" como homem,não é como Jean Barbie.Há ainda outro amor,mas esse,Roberto,não tem nada de simpático ou responsável,não com Jean,é um cara instável,violento e bruto,mas Jean não liga pois só quer é ser amado e se sentir desejado por alguém,que seja.E esse alguém é Roberto,que disfarça seu "jeito diferente" à frente de sua mulher e sua menina de nome Catarina.

Mas Jean,já cansado,espera uma definição,colocou Roberto contra a parede,jurou contar pra todos que sua valentia diminuía bastante entre quatro paredes,de 4 entre 4 paredes,e a definição não demorou a vir...veio,veio,veio,sim,foram três definidos tiros em Jean Barbie,pelo respeitado e temido cabo da polícia militar Roberto Silva,a notícia saiu assim:

"HOJE NA LADEIRA DOS TABAJARAS,LUÍS CARLOS TAVARES FOI ASSASSINADO COM TRÊS TIROS POR UM CABO DA POLÍCIA MILITAR,LUÍS,CONHECIDO POR 'JEAN BARBIE' É ACUSADO PELO CABO,DE TER ENVOLVIMENTO COM O TRÁFICO DE DROGAS E DE TER TROCADO TIROS AO SER ABORDADO EM SUA RESIDÊNCIA,A POLÍCIA ABRIU UM INQUÉRITO PARA APURAR O CASO"

Amigas de Barbie dizem e sabem que,na verdade,ele nunca foi traficante ou teve arma,teve sim amor,pelo cabo,seu carrasco.O "rabecão" não sobe até o alto do morro,então subiram com a maca pra levar o corpo de Barbie até lá embaixo...

E lá vai Jean Barbie descendo o morro a caminho do caixão,desvia olhares em um misto de preconceito e fascinação,mas não,ninguém vai bater nele como já aconteceu,ninguém vai cuspir nele como já aconteceu,ninguém vai xingar tal como aconteceu(não alto).Êta gente preconceituosa,olha com raiva o que não compreende,e Barbie,como não tá mais "aí" pra isso,não entra mais,não corta,não fofoca,não grita,não ri,não corta mais e mais,não reclama do calor pois inda não tem ar-condicionado no salão,e como cortava bem o carinha,ou a figura,como gostava que o chamasse.

- Figura de RESPEITO,ele dizia.Figura de RESPEITO,virou Jean Barbie na favela,seu enterro ficou lotado,todos queriam ver o "viado" que colocou o respeitado cabo,de 4.

Allan Bonfim.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Da alegria raiou o dia (Uma vez Flamengo...)

Era uma alegria imensa a que tomava todos aqueles seres,juntos gritavam,rezavam,choravam,clamavam por um só objetivo,pareciam,por ao menos uma vez,compreender uns aos outros,sentir os próprios corações.Entoavam o hino,que estava na ponta da língua,nas veias do coração.A euforia era tanta que não cabia em cada um deles apenas,ela se esvaía por entre as ruas,contagiava os mais sérios,e tal sensação pedia movimento,alguma reação,pedia-lhes um grito,um pulo,um sorriso,mas pedia também,um gol.

Foi o que aconteceu ali,naquele 6 de dezembro em pleno Rio De Janeiro,o time de azul,preto e branco,sutilmente coloca a bola na rede,contrariando 11 em campo,80 mil nas alturas do céu rubro-negro que se transformou o "maraca",e mais de 30 milhões do lado de fora,espalhados dentro sim,do planeta,em diversos países,de diversas religiões,de diversas etnias,diversas línguas e ideologias.Estavam agora atônitos,sem saber o que pensar,traumas antigos viriam assombrar os "guerreiros",batalhas perdidas seriam lembradas,o trauma de quem espera um título nacional faz 17 anos,isso mesmo,17 anos separavam a glória de tempos atrás de uma possível conquista guerreira da geração 2000 daquele time,daquela nação.
As letras de coragem e raça são entoadas pela torcida que ignorava o placar,e como foi lindo,pois,aos gritos e juras de amor eterno,o até então imperador escora a pesada e primeira bola que viria a abrir o caminho para seu primeiro título dentro de seu império,dentro de seu país,dentro de sua nação,aproveitando-se da bobeada da zaga, (coitada,nada podia fazer,estavam impedidos por uma imensa parede imperial,as costas de Adriano),um zagueiro,esse com a camisa rubro-negra,número 40,sim,ele empurra a tal bolinha pra dentro da rede,fazendo estourar por todo país e também pelo mundo,o grito "Vamos flamengo,vamos ser campeão,vamos flamengo,minha maior paixão..."
O juiz apita o início da etapa final,o 1 a 1 do placar precisava virar 2 a 1 e o número 40 nem imaginava que a partir do zero a zero saía a profecia daquele jogo de importância mundial,isso mesmo,tirando o zero do 40,temos quatro,mas não é só isso,temos também Angelim,zagueiro camisa 4 do Clube de Regatas do Flamengo,responsável pela volta da glória conquistada pela última vez a 17 anos atrás,um êxtase toma conta da massa rubro-negra,ali em campo,não era o dia de Adriano o imperador,também não era o de Petkovic,o sérvio responsável por entortar pernas e olhares,fazer gols fenomenais que até Deus duvida,não brilhou naquele domingo,era dia da zaga,dia do 4 e do 40,o Flamengo era Hexacampeão,do meu lado uns gritavam loucamente:
- "É HEXAAA" !!!
- "É MENGÃO PORRAAA"
Eu,esbravejava gritos calados de 17 anos,admirava o meu time,assim como milhões de "brasimengos" espalhados pelo país,era o grito da torcida campeã...


"DA-LE,DA-LE,DA-LE ÔH
DA-LE,DA-LE,DA-LE ÔH
DA-LE,DA-LE,DA-LE ÔH

MENGÃO DO MEU CORAÇÃO"

No dia seguinte,todos acordaram para o trabalho como de costume,quer dizer,minto.No dia seguinte,todos acordaram cedo para o trabalho,respeitando a regra de toda segunda,mas não era uma segunda normal,eram padeiros,motoristas,motoboys,taxistas,faxineiras,engenheiros,executivos e até os desempregados,derrotados socialmente,todos,se sentiam naquela segunda,7 de dezembro,vencedores,campeões,e não uma ou duas,eram 6 vezes campeões,estavam ao menos felizes.


e naquela manhã de segunda,o Rio De Janeiro se cobriu de vermelho e preto,não era o vermelho sangue e o preto fúnebre a que estavam acostumados os cariocas,era um vermelho e preto de campeões,estavam cobertos pelo manto sagrado !

Allan Bonfim. (eterno rubro-negro)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Resposta do "Zé Minguela" (Coisa de irmão)

Uma tarde chuvosa dessas em que a maioria insiste em chamar de "chata" ou "boa pra ver um filme no sofá,com pipoca e pijama",estava a navegar na internet e entrando no blog pra publicar um texto,que seria,até então,sobre a conquista recente do título de campeão brasileiro do meu time do coração,o MENGÃO ou Flamengo,como preferirem,estava com a idéia,com a vontade e a inspiração necessária pra fazê-lo,quando de repente me deparo com um comentário que me surpreendeu,não só pela pessoa autora do próprio,mas também por estar ali,ou aqui,no blog.Logo ela que pouco comentou,mesmo com repetidos pedidos,sim,está ,registrado.Não sei se comemoro ou respondo ao seu seco comentário,decido responder.
Quero dizer que ultimamente não tenho sido o "irmão perfeito",nunca fui,também nunca tivemos a "família perfeita",e assim,por natureza,nos fizemos "anormais" desde pequenos.Não é segredo nenhum pra você,minha irmã,que sempre fui um pouco maluco,quero dizer,totalmente maluco.Fazia coisas que iam de imitar automóveis a enfiar um botão solto em forma de bola no nariz,e ainda ficava chorando e gritando apavorado:
- Jéh,socorro,eu vô morrer !!!

- Vai morrer porque,moleque??
- Minha mãe vai me matar !!!
- Rhuan,calma,o que tá acontecendo?
- Eu enfiei uma bola no nariz...E VÔ MORRER !!!
- KKKKKK,que imbecil !
- Tenta tirar expirando o ar...
- Num consigo,eu vô morrer e minha mãe vai me matar,eu disse já chorando.
- Se você morrer,minha mãe não poderá te matar,gênio.

Enfim,a bola-botão não sei como,saiu facinho do meu nariz e eu ali com os olhos cheio de lágrimas me vi um bobão,meses depois contamos para minha mãe que acho que riu da situação.Foram vários fatos engraçados,como a vez em que grudei minha língua no congelador,mas vários fatos tristes como da vez em que me esborrachei de bicicleta na rua e deixei parte de minha barriga em carne viva.Ainda lembro de como eu pedalava rapidamente com uma imensa dor em direção a minha casa,chegando lá,estava a Jéh ouvindo música,lembro da tranquilidade dela para o fato,isso de certa forma,em todas as situações me fazia retornar a lucidez e perceber que não,eu não iria morrer com um botão no nariz,ou uma barriga ralada,e de certa forma acho que peguei um pouco disso para mim,pra minha vida.
Como na noite ou madrugada em que nossa mãe faleceu,eu me mantive tranquilo,e,por acaso do destino,a Jéh nessa hora chorou muito,estava inconsolável.É claro que senti muito a perda,pois é difícil deixar de ter alguém ali do lado com quem você contou a sua vida toda,no dia seguinte,dormi e não fui nem ao enterro,senti que minha despedida já tinha sido feita.
Hoje,morando em casas diferentes,sinto que a nossa relação irmão-irmã melhorou e amadureceu pra caramba,acho que a coisa de viver na mesma casa,quando se é de idades diferentes,de sexos opostos,provoca muitas indiferenças,muito atrito,e em casas separadas,dá até saudade,gera felicidade quando a gente se vê,gera ciúmes e,por consequência,comentários revoltados,mas me desculpe,minha irmã,prometo ir visitá-la,em breve,prometo sua camisa do flamengo,em breve,prometo devolver seu livro de frases geniais,em breve,e se isso não acontecer,se eu não aparecer,com sua camisa,com seu livro,espere mais um pouco,minha irmã,afinal somos família,somos Jéh e Rhu,somos "tico-tico" e "bluecalça",enfim,minha irresponsabilidade é tradição,é também acima de tudo,coisa de irmão.

Allan Bonfim. (O Minguela)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Bons tempos atrás (saudade)

Chan,chan,chan,changes lá vem o meu trem,vem meu trem,tô saindo fora porque sei que vô me dar bem...(ouvindo "Changes" de David Bowie cantado por Seu Jorge)

Nada melhor que encontrar àquelas velhas amizades,numa tarde amena,sair sem hora marcada,chegar,batendo palmas no portão...
- Fala aê véio !
- Como vai,brother,o que tem feito?
- Quanto tempo tú não pinta por aqui...

E vai o papo que há muito não se fazia,pois,no MSN não é a mesma coisa não.Se relembram dos mesmos fatos,se fazem as mesmas perguntas e lá vão saindo "causos e contos novos" adquiridos com o passar do tempo,risos já saem involuntariamente,só por rir,é a emoção de estarmos juntos mais uma vez.O papo flui quase que imperceptível,eles observam-se e notam que o tempo passou realmente,as barbinhas,o tamanho,o tom da voz,a mente mudou,menos o jeito,o jeito está intacto,como guardado dentro de um cofre forte inviolável durante todos esses anos.Rolam-se piadas e de repente:
- PÁ,PÁ,PÁ,PÁ,PÁ (é o portão gente)
- Ei brow,abre aê !!!
Chega mais um amigo e as perguntas inevitáveis voltam a rolar quase sem querer,"o que tem feito?" ; "como é mesmo o nome da moça que tú tá pegando?";"que cabelo é esse?",risos loucos da situação,da conversa,do encontro,é o bate-bola com bate-papo,e chuta pra lá,pergunta vem,chuta pra cá,pergunta vai,agora procura-se atualizar,saber o que tem acontecido na vida de cada um ultimamente.
E a tarde vai se esvaindo e logo o primeiro "caras,tenho que me mandar,tenho uma festa pra ir e não posso atrasar" .
- Que isso,fica mais um pouco!!?!
- É cara,mó tempão que a gente não se vê,pô !
- Num dá mesmo brou !
A tristeza da partida,um "até a próxima" sela a despedida.Agora só dois,discutem sobre a essência,que não perderam por sinal,o lado infanto-juvenil do tempo do colégio,dos toques nas campainhas e da correria logo em seguida,a felicidade que os rodeava e ainda se mostra presente mas um pouco amadurecida.[...]Lembram de garotas,de casos,de brigas,lembranças coletivas e individuais de um tempo que não volta mais,e nem precisa,pois eles estão lá,no passado e ali agora,e se não fosse por aquele tempo,nada seria.
A noite desce,os compromissos a cumprir já gritam nos relógios,são comandados pelo tempo e não mais pelo cansaço,a última despedida possível,a promessa falha de novos encontros breves,a tristeza na face logo desmente qualquer promessa feita ali,mas eles,inda com alma de criança ingênua,preferem acreditar que logo vão se ver de novo,dizem um seco "foi bom te ver,irmão",prendem a respiração em demonstração de pura masculinidade,enfim um forte abraço seguido dum aperto de mão,um adeus disfarçado de...
- Tchau !

...tô saindo fora porque eu sei que vou me dar bem,sempre em frente,nunca pra trás,sempre em frente,nunca pra trás. (a música pára,eu acabo o texto)

Allan Bonfim.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Um belo níver... (enfim,Eu)

Esse escrito foge do típico do blog,mas afinal,o blog é meu,e não sou típico,sou tico, TICOÉTICO !

Não preciso da sensibilização alheia para com a minha pessoa,é plenamente um desabafo pessoal e direto.Não,não sou ingrato,agradeço a todos os emails,sms's e telefonemas de pessoas que pouco vi,de outras que pouco conheço,de parentes,até das ex's,e claro,dos amigos,esses são deveras importantes,sim.Mas peço que me desculpem,não tenho vontade,nem motivos claros pra comemorar a data que se faz hoje,o tal aniversário do Allan,do Rhuan ou do Ticoético (ou tico-tico como diz minha irmã de DEZOITO anos),como preferirem vocês.Vejo que ainda não consegui nem o inicio do que eu busco,não realizei nem a metade do que ainda há pra fazer,não consegui ser nem o começo da "pessoa melhor" que prometi a tanta gente,nem sei como ser está tal pessoa,não tenho nem o país que queria,do jeito que queria,e sim,isso me incomoda tanto.
Toda essa corrupção na política,na polícia,no comércio,em todo lugar,é tamanha que já sinto impregnada na sociedade desde o berço,e como eu acho chato ter de falar disso,como acho chato quase ninguém estar aí pra isso,como eu acho absurdo toda essa violência e o ponto em que chegou a mesma,acho cortante o ritmo crescente que atinge,literalmente,o mundo,que evolui a raça vivente mas estraga o terreno,acho triste quase ninguém perceber isso,acho mais sinistro haver quem perceba e não faça nada,acho ridículo eu estar aqui e não fazer nada,acho que o mundo poderia ser melhor,mas também acho que falo besteira pois,até agora não vi esse tal mundo melhor.
Me disseram por meio de ligações,mensagens e emails que: "você vai atingir tudo o que deseja","não mude a pessoa que realmente é","felicidades","devolve meu cd","nem sei o que dizer","você ainda tem muito pra render","poderia ser pior" ,enfim,entre outras coisas.O motivo de eu ter colocado todas essas mensagens é justamente demonstrar o que acabo de dizer,ou metade pelo menos,pois quando alguém me diz que irei atingir tudo o que desejo,quer dizer na verdade que eu não consegui,acho bonito sim,pois quando se pára de ter objetivo,acredito que se pára de viver,em relação ao cd,declaro que sou inocente,já procurei por tudo quanto é lado e não encontrei,sobre o último foi um email spam de uma funerária,sobre os outros,tirem suas próprias conclusões.

Enfim,pra terminar,quero dizer que ainda gosto de mar,e gosto de escrever,e gosto de vento,ainda gosto de ler algo,gosto de música,,gosto de chuva,gosto de violão e do som que ele faz,gosto de ver as pessoas passarem e imaginar onde estão indo,gosto de ciclos,ainda amo muito a Mim,a Brenda,minha irmã,minhas famílias e os amigos,gosto do amor,entro e saio rápido de tudo sempre pegando algo útil (exceção para lojas de conveniência,hehehe),sou discreto mas deixo pista,no fim,da pra imaginar isso aqui como um grande perfilzão atualizado e programado para ser publicado hoje,dia 2 de dezembro,o que desejo?

Uma feliz vida e um belo aniversário para... Allan Bonfim.