sábado, 30 de abril de 2011

Se Foi

São sete e quarenta da manhã,estou sentado frente ao velho computador,vendo algumas releituras de Vinicius De Moraes,lembrei de vida,de morte,de tudo que aconteceu,de garotos,garotas e outras coisas,mas lembrei também que Abril está no fim,digo finalmente,FINALMENTE !
É um dos meses que eu menos gosto,pra ser exato,é um dos dois meses que eu menos gosto.Já houveram "Abris" que me tiraram grandes amizades,outro me roubou um grande amor.Houve um que precedeu a maior tragédia da minha vida,não quero fazer drama algum,somente um desabafo.
Confesso-lhe que entrei neste Abril,com um colete à prova de balas,olhos fechados e um taco de beisebol na mão,sim,tenho medo,tenho tanto medo que se me perguntassem: "qual a coisa que você mais odeia no mundo e a que você mais tem medo?" eu diria "ABRIL" de bate-pronto.Ontem eu estava até pensando em comprar champanhe pra comemorar após às 23:59 do dia 30.
Curiosamente este Abril não me foi tão malvado,nem triste.Tivemos,é claro,tristezas,mas estas foram coletivas,pra mim não foram diretas.Tivemos crianças mortas por um louco,tivemos enchentes,políticos marcantes que morreram,sem falar no medo de um novo acidente nuclear,mas,particularmente este Abril me foi muito bom.Eu pude descobrir faces ocultas,ganhei alguns afetos que não esperava,desfiz brigas antigas e até na amada blogosfera tive a volta da mais-que-querida Cynthia.Ah,como foi bom esse Abril.
Sei o que ainda espero,ainda me falta aquela moça,aquele livro,aquele entendimento,mas tenho quase certeza,aliás,tenho TOTAL certeza que consigo tudo isso ainda neste ano.Eu tenho receio é por tudo aquilo q'eu não tenho controle,bombas a estourar e guerras a fazer,mas de Abril nada reclamo,estou satisfeito,olho curioso os oito meses que faltam,fecho as mãos e digo:

- Amém.


Allan Bonfim.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Precoce

Agora é assim,uma simples ladeira já cansa,a caminhada por 3 quarteirões é uma maratona,o corpo magro quase não se sustenta,bom,isto não mudou muito.
As rugas vão se fixando e a pele vai ficando fina,frágil.O raciocínio não é mais rápido e o que dirá da memória,são tantas lembranças a dar conta,e tantas que se perderam junto à juventude e inocência.
Os ossos doem,as dores de cabeça são também cada vez mais constantes,os remédios não curam as dores que lhe deixaram seus amores,o olhar permanece morno com a visão falha,e assim,só tem olhos para a lua,suas idéias não são para esta época,o cabelo vai indo embora pelo caminho deixando entradas pela testa,e pensar que são só dezoito anos.


Allan Bonfim.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Alô,princesa ?

Eu sei o que você pensa.Daí sentada do seu sofá você pensa que eu não mudei.Você pensa que eu minto que eu traio que eu saio e que tenho dois fígados,e que faço muito uso deles,obrigada.Você não sabe que enquanto te olho da areia eu só consigo pensar em,puta que pariu,como você é linda! Você não sabe que quando eu falo num tom sério pra você se cuidar e não deixar ninguém te acertar é menos porque eu odeio seus treinos e mais porque eu tenho medo que alguém nesse mundo afete seu sorriso perfeito.Sexta à noite fico esperando você ligar,só pra te dizer que não,eu não saí,nem to bêbada,nem to dando pra uma boca que eu não sei o nome,mas você não liga.Acho que você tem medo de saber que eu me sinto right now muito acorrentada a você,muito sua,muito da sua cama,muito dos seus cachos,muito da sua pele,muito da sua família.Tenho tentado me afastar,tenho tentado ser de outras pessoas,é verdade.Não ta funcionando,baby.Não ta funcionando sem você.Não consigo mais beber.Não consigo gozar com estranhos.Não quero mais ir embora.Tenho vontade de me socar até ficar pequenininha e caber dentro de você,bem no meio,bem no peito,bem no coração.Tenho medo que você tenha medo e acabe indo embora com medo.Quero te proteger de mim.Fico quieta não me exponho,não te exponho.Uma vez,muito tempo faz,alguém me amava e eu não amava esse alguém,eu achava que amava mas não sabia,aí ela nos traiu e eu a trai.Foi feio.Ela chorou.Eu chorei.Ela diz que chora até hoje.Eu não tenho mais lágrimas.Eu me sentia maior,mais tudo.Mais inteligente,mais sabida,mais livre,mais cheia de leveza – veja só,le – ve – za! -,mais tudo sem ela,e isso nos fodeu.Me fodeu.Fodeu ela.Hoje fico quietinha com você.Olho pra você e sua simplicidade é de uma magnitude que me emociona e me deixa parecida com uma criança no primeiro dia de aula;olhando pra trás,procurando seu olhar,não querendo soltar a mão.Tenho vontade de cortar meus pedaços e me dar pra você comer pra nunca mais ter que me separar.Tenho medo de mim.Tenho medo de mim sem você.Quando eu,criança e frágil e carente e me sentindo desamparada,consigo finalmente olhar pra frente e entrar no prédio o mundo me seduz.E toda sua beleza,seu cachorro de 38,5kg,seu rabisco da costela e seu amor desaparecem.Tenho medo que eles desapareçam e eu me perca.Sou frágil e estúpida.Sou uma masoquista de merda,viciada numa dor de merda,num amor de merda.Sou uma alcoólatra de merda.Fracassada.Incompetente.Infeliz.Tenho medo de mim.Tenho medo que você desapareça e eu me perca.Tenho medo de me perder de você.Tenho medo de estragar o seu doce com meu pote estragado.

Myrella Andrade.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O Sonho

Desculpa amiga,é que ontem,após uns goles de vinho,tive um sonho esquisito sobre nós dois.Regados à luz da noite,deitados em um divã,eu aquecia e admirava teu corpo lindo e nu,a vista era bela,e nos envolvemos em carinhos,abraços e beijos,estavam à varandela dois seres lascivos e entregues a propostas libidinosas,a sujo desejo,e já não era imaginação apenas,era ação.Era uma violência hormonal e emocional que explodia em calor,fazendo suar a mais fina flor.Àquela flor que não se diz,a que se esconde e se agita no meio,no íntimo,sim,no seu jardim eu brinquei por toda a noite. Era minha,a deusa ruiva com olhar de mar e cabelo de ferrugem,os lábios que sempre desejei e a língua de morango,finalmente,simplesmente,profundamente,estava ali,fortemente.Desculpa amiga,por bagunçar todo o seu jardim e não só,sujei todo o teu quintal,derrubei muros e deixei marcas. Mas nem tudo são flores,havia também os morros enxutos,firmes e fortes,são desses que pouco importa o quanto se sobe,pois se apaga o cansaço quando se atinge o pico,as coxas grossas e rígidas ficaram bambas,o olhar corajoso fitou-me atônito,um riso nasceu no meio do rosto,um beijo com gosto,foi de maçã o gosto do vinho,nascia o amanhã num céu azulzinho,seus olhos...seus olhinhos fechados,dormindo. Desculpa amiga,se saio assim sem avisar,é porque me envergonha tal sonho,também não quero tirá-la do sono,a chave reserva está embaixo do tapete de entrada,desculpe a garrafa de vinho roubada,estava vazia,de vinho não restou nada.Desculpe pelas marcas da madrugada e pelas palavras não ditas,aprendi com o tempo que não há nada melhor do que continuar sendo minha melhor amiga,apenas.

Allan Bonfim.