quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Um 38 para escrever (homicida-suicida)

Já não sinto mais vontade de viver,acabou-se o vinho,e onde está você?
Vidas perdem sentido quando não se pode mas viver.
Já se foram os amigos,e onde está você?
Depois de anos antigos,de junto viver,se acostuma fácil,mas onde está você?
Me impediram de andar por aqui,de falar,de cantar,de dizer.
Hoje tanto faz pra mim,já cansei de lutar,onde está você?
Há anos que tento e brigo,chego,berro e grito,mas tudo pra quê?
Se na hora em que consigo,enfim ser ouvido,onde está você?

Já se foi com meus filhos,e saiu sem avisar.
Ao voltar para casa,inda pergunto aos vizinhos,você não está.
Me levou os pupilos,conseguiu me enlouquecer.
É torcer,eu não te encontrar,é pura sorte você ainda viver.
É uma briga no bar,e olhar o que você me fez.
É a família que vai,me deixando pra trás,e onde está você?


Sozinho eu consigo,pensar num castigo quando se rouba um filho.
Te vejo e te encaro,respirar vai ser raro,no teu caso,quando eu te tocar.
Um tiro,te acerto,o segundo eu erro,assim já me desespero mas não posso reverter.
No chão,sangue teu,inda não morreu,do lado um pobre ser.
Agora três tiros certeiros,meu menino morre primeiro,mas o terceiro é pra você.
Correndo se vai a garota,acredito que confusa,disse-me: "pai filho da puta".
Já não a posso mais ver.

Me pego transformado,fui mas não pretendi ser.
De homicida fui chamado por matar um pobre ser.
Triste me encontro,se sabes,por matar.
Não me arrependo,não me escondo,espero o meu final.

Uma garrafa pra pensar,logo outra pra esquecer.
Ninguém pra desabafar,aonde está você?
Não sabes o que é uma filha longe,sem nem saber o que é viver.
Um filho morto e um crime torto,procuro algo a fazer...mas

Já não sinto vontade de viver,acabou-se o vinho,e onde está você?


Na ponta do cano desse revólver 38 que um dia você esteve,encerro este poema num ato pesado e leve.


Allan Bonfim.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Gatos,gatas e Sílvia (madruguela)

É noite,deitado a cama,eu passo canais na televisão procurando algo interessante ou qualquer coisa que apenas faça-me rir,o tempo passa e logo a inocente meia-noite que acusavam os ponteiros,vira como num piscar de olhos,duas e meia da madruga.Eu ali,parado,esperando o sono vir,vejo um vulto longe passar lá fora,ignoro,não me permito "delírios da madrugada" tão fáceis assim.O vulto passa novamente,dessa vez um pouco mais próximo da janela,e isso sim me faz levantar.Caminho para longe da caminha em direção a janela,eu a abro e o vulto passa bem em frente a minha face,e que gata linda é.Um pêlo negro brilhante,parece coberto de óleo,ela salta ao meu encontro,como pedindo carinhos e afagos,eu não os nego,e faço. (tá agora imagina a cena,um cara com a janela aberta as duas e tantas da madruguela,acariciando uma gata preta,hahaha,merece ficar mais interessante essa história,vamos ver)
A gata me encara e,seu olhar,esquisito,parece humano,poderia até dizer que conheço esse olhar,mas não,devo tá delirando,eu a pego e levanto-a pra ver se era mesmo gata,e aí surpreendentemente:
- Qual é a dúvida rapazzzz? ELE diz com uma voz grossa,por sinal
- TÚ É GATO???

- Claro que sssou um gato,achou que era um bode,um pásssaro? imbessssil,diz com sutileza.
- E AINDA FALA??
- Ah,IMBECIL é com C,tanto na fala quanto na escrita,seu BURRO !

- Ha,tanto fazzz idiota...e já disssse q sssô um gato,não um burro,nem uma vaca...
- Não te chamei de vaca !
- É,eu sssei,tava pensssando em sssua mãe.
- Ahn?! AH GATO FILHO DA...

- Gata,por sssinal,mamãe tinha um cccharme...
- Aê,me dá um motivo pra eu não te jogar daqui agora!
- Na verdade,eu adoraria,sssuasss mãosss de repente ficaram tão insssensssíveis... (hahaha,tá um gato sacana e falante com a língua presa foi legal,mas pode ficar melhor,então voltemos aquela parte lá em cima)
A gata me encara e,seu olhar,esquisito,parece humano,poderia até dizer que conheço esse olhar,mas não,devo tá delirando.Eu a levanto e ela surpreendentemente me ataca,em frações de segundos eu me encontro caído e desacordado.Sinto um desconforto no peito,abro os olhos e lá está uma bela mulher com um vestido preto,prefiro não comentar o tamanho,ela me dá a mão e diz ao meu ouvido:
- Prometo fazer dessa a sua melhor noite,numa voz suave.
O vestido preto,meio fúnebre,me grita algo,mas confesso que naquela hora,com AQUELA na frente,não dava pra pensar em muita coisa.E com a mesma rapidez com que me atacou,safada,ela tira o vestido,num resisto e solto a piada sacana:

- Quem diria que eu passaria a noite com uma GATA,COMO VOCÊ?! (entendeu a piada suja?)
Acho que ela também entendeu,e não gostou pois após o meu grande dito,me jogou na cama e começou a despir-me,e quando eu pensei que ela iria fazer valer a falta de sono que me atingia:
- AAAAAI,TÁ LOUCA?!
A maldita começou a me arranhar,e me deu um soco,que...zzzzzzzz,é,me desacordou de novo.Quando acordei novamente a maldita desarrumava toda a minha casa (ha,nem teve muito trabalho),e por isso,ela voltou e começou novamente a me arranhar sem piedade,POR TODAS AS PARTES,a mim só restava uma coisa:
- SOCOOOORRO,SOCOOORRO,ALGUÉÉÉM PO -HAAA !!!
Senti novamente um leve aperto no peito e quando abri os olhos,lá estava Sílvia,me cutucando e perguntando se eu sofria de epilepsia,eu me levantei querendo disfarçar:

- Como é que é,tá louca cara?!
- Bem,eu entro aqui e você tá tremendo em cima da cama...e eu tô louca?
- Oras...como você entrou aqui? como conseguiu a chave?
- Helloo,você me deu a chave,baby,e trate de andar porque o rô já tá te esperando!

- ele me esperando? porquê?
- A reuniãão...
- Droga,a reunião!!!
Tratei de tomar banho e me arrumar com a rapidez da mulher-gata,e já na saída,Sílvia pediu pra me levar para a empresa no meu carro,disse que precisava treinar a recente habilitação conquistada,não vi problema,na saída da garagem avisto um gato ou gata ambos pretos e deitados no caminho,digo pra sílvia para acelerar com a desculpa de quê o carro não é muito forte em subidas de ré,ela o faz.
- PUFT,faz alguma coisa peluda no assoalho do carro,hehehe.
- Ai meu Deus !!!

- O que é?
- Acho que passei por cima de alguma coisa.
- Num liga não,é o quebra-molas novo do prédio,só pra segurança ! (miau ! ;)

Allan bonfim.

Olho mágico (e pra não dizer que não falei das flores)

Tenho um olho mágico,ele não é desse tipo de olho que se encontra em portas,falo do meu próprio olho,esse que se localiza na cabeça.Mas vá com calma,não quero fazer imaginar que só tenho um olho,tenho dois sim,pois acredite que apenas um deles é mágico.Posso logo explicar o motivo de chamá-lo olho mágico,com ele consigo ver aquilo que os outros não vêem,consigo ver aquela que os outros não vêem,por assim melhor dizer.É com ela que saio todas as manhãs,é ela que me faz rir no curto caminho,e mesmo já à tarde ela me diverte,usando sempre o mesmo vestido vermelho,meio curto,meio velho,essa menina pula d'um lado para o outro e como só um dos meus olhos é mágico (o esquerdo),facilmente ela se esconde e reaparece quando bem deseja,e nos lugares mais inesperados,se bem que...vindo dela,tudo pode se esperar,ela não vive sobre regras,não tem ninguém que a comande,ela aparece e desaparece quando quer.Outro dia me apareceu no meio da aula de história,subiu na mesa e a dançar se pôs,com aquelas caretas engraçadas que só ela faz.Não sou esquizofrênico,disso tenha certeza,o caso é mesmo difícil de explicar,pra entender tente ter a fantasia de uma criança,sim,como ela.Tão impossível é,que até de mim que sou sua única companhia,ela zomba às vezes.Prova disso é que uma vez dessas em que andávamos na rua,enquanto ela falava e segurava minha mão esquerda,passava uma senhora um pouco cheia de muita carne,ela deixou o assunto em que estávamos e simplesmente gritou:
- Como é gorda !!!
Constrangido mas achando engraçado eu disse a ela que não se deve nunca zombar dos gordos,a senhora por sua vez,me olhou,fechou a face e seguiu,só aí me dei conta de quê só eu havia escutado a tal declaração infantil,me virei e ela já não estava lá.Há ainda situações em que ela se põe a tirar o dia pra me chatear,fica a conversar comigo do meu lado direito mesmo sabendo que não posso vê-la,e faz perguntas sobre isso,me chama de esquisito e eu retruco dizendo que esquisita é ela,que aparece sempre com o mesmo vestido e a mesma cara,ela logicamente não gosta,e por isso,me sacaneia mais ainda,fica tocando a minha retina,eu,sem sentir dor,sinto apenas um certo nervoso.Fala enquanto eu tô conversando com alguém,e por mais que eu a ignore,não consigo sequer me concentrar no que a pessoa diz.E fico ali,feito um maluco balançando a cabeça em sinal de positivo e fechando meu olho esquerdo pra não enxergá-la.Mas mesmo com todas as suas manias que às vezes me irritam profundamente,ela é quem sempre está ali pra discutir as minhas ou nossas teorias,pra papo furado de vez enquando,pra somente observar o céu,e mesmo em lugares públicos,pra estar junto comigo,só pra estar,sem nada dizer.Acho que ela seria o que alguns chamam de alma gêmea,pois tudo que diz,eu acho graça e entendo,vice-e-versa com recíproca verdadeira e tudo mais.

Eu já me peguei impressionado com a tal pessoinha,foi exatamente na vez em que pássavamos em frente à casa de uma certa moça,próxima a rua onde reside um velho amigo.A casa possuía um muro desses que protegem a propriedade mas não tiram a visão,entende?! No seu interior tinha um grande jardim,e eu comentei descompromissado:
- Olha só,isso é que é um jardim na responsa,é flor q não acaba !
- Também quero ver,me levanta,disse ela.
Já que a parte do muro,que permitia a visão interior,era composta por uma grade que começava na metade,ela,por seu pouco tamanho,não conseguia ver o tal jardim.eu a levantei e ela começou a observar.
- Caramba,ela disse já impressionada.
- Já tá bom?! cê tá pesadinha,eu disse.
- Espera,é muita flor!!!
- Era só o q me faltava,agora vô ter q ficar aqui esperando você olhar todas essas flores?!

Com o braço cansado,decidi colocá-la na base da grade,fazendo ela mesma,segurar-se com as mãos na grade.Era fascinante o seu olhar estático para aquelas flores,nunca tinha a visto assim,tão tranquilizada,tão calma,parecia mesmo observar todas as flores,uma por uma.Aí eu pensei até em tirar uma foto pra colocar no blog com uma mensagem embaixo,mas logo lembrei que só EU podia ver aquela linda cena,castigo ou presente,era maravilhoso.
Depois de uns seis minutos ali,a moça,dona da casa e do jardim,veio ver o que eu queria,eu disse pra minha menina:
- Vamo logo,a mulher tá vindo aqui !

- Deixa ela vir,e peça algumas dessas flores pra mim,disse toda tranquilona.
Sem a mínima vontade de fazer aquilo,eu falei que voltaríamos depois e eu pediria quantas flores ela quisesse,mas agora precisava ir pois já estava atrasado.E adiantou?!
A moça se aproximou,abriu o portão,se dirigiu a mim e disse:

- Boa tarde,gostou do jardim?!
Eu,querendo dizer:
- Nem tanto moça,tô plantado aqui por causa duma pessoinha invisível pra senhora e q eu vejo com um olho só.
Acabei dizendo:
- Boa tarde,sim,gostei muito,meu pai gosta de plantas,tem um jardim também.(bem porcaria comparado a esse aqui,eu pensei)
- Quer levar algumas flores?
- Não,não.(nesse instante a menina me balançava o braço,dizendo para eu aceitar o convite)

- E algumas mudas,para o seu pai? acho que ele gostaria,ela insistia.
Já não entendia a senhora,parecia querer se livrar das plantas.
- Não senhora,nem tem como,tô indo pra casa dum amigo meu,e num dá pra levar agora não.
- Ah,entendo,ela falou já desistindo.

Olhei pro lado disfarçadamente e a menina já não estava lá,pensei ter desaparecido por estar aborrecida ou só triste.Me despedi da moça e continuei andando,a menina nada de aparecer,já tava ficando triste com aquilo e pensava em voltar e pegar uma flor,eu dizia:
- Poxa,me desculpa mesmo,dá uma aparecida aê !
e nada...
- Pô,tú sabe q sô sempre eu q me dô mal nessas situações...
e nada...
- Ninguém pode te ver,aê vão ficar falando: "olha aquele marmanjo com a florzinha na mão"
Aí,eu escuto o portão da senhora bater,eu me viro e,nada,tudo que vejo é uma rua vazia continuo andando e faço a curva numa esquina.Escuto um "oooi" daqueles que são tipo "tô aqui",era ela.Pergunto se ela me desculpa,ela diz:

- O quê,pelo quê?
- Você tava aqui comigo desde quando saí d lá?
- Não,tava pegando a nossa flor,ela diz sacando de trás do vestido uma tulipa.

- Onde e como você arranjou essa flor??
Ela me contou que quando percebeu que eu não pegaria a flor,entrou e surrupiou a tulipa,eu disse que isso era furto e ela disse rindo:

- Só peguei o convite que ela te deu emprestado !
Danada,ficou feliz o dia inteiro,com aquela tulipa que ainda hoje carrega consigo,aquela é uma flor que me deixa impressionado,pois,assim como ela,a danada num envelhece,num murcha,num faz nada.
Lembro-me como se fosse ontem,da manhã em que ela apareceu.
Eu acordava como sempre,numa preguiça tamanha,tava nesses dias em que você acha a cama o melhor lugar do mundo e que se sair,o mundo acabará.Então no meu ritual pra acordar,me espreguiço pra lá,espreguiço pra cá,dou aquela aberta de leve com o olho esquerdo em direção a janela pra ver se o sol tá forte,viro pro outro lado e:
- CACETE !!! (desculpe a expressão,mas foi o q houve,queria ver se fosse contigo)
Imediatamente eu me jogo e caio ao mesmo tempo pro lado inverso ao daquela figura do vestido vermelho,esfrego os olhos,abro-os de novo,e ela tá lá,abro só o direito-sumiu,esquerdo-tá lá (por esse esqueminha dá pra perceber como descobri qual é o olho mágico) ,nas primeiras horas eu não sabia se contava pra alguém ou não,decidi pelo não,e,aos poucos ela começou a falar e começamos a conversar,e mesmo ela não me explicando de onde veio ou quem era,eu aprendi a conviver com ela,e vivemos momentos maravilhosos como os citados lá em cima.[...]


todos os dias,vários outros momentos me levam a acreditar que ela não é só uma espécie de amiga imaginária,e se for por esse caminho,gostaria de pensar então que ela é,na verdade,meu anjo da guarda,é,sim.

Ela é meu anjo do vestido vermelho,meio curto,meio velho,que aos seus olhos é invisível e eu só consigo ver com um olho só,o olho mágico.

Allan Bonfim.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Entre as ondas (fúria)

Sentava no meio de sua varanda,parava por um tempo e observava.Era a mesma varanda,a mesma casa e até a mesma paisagem,vizinhança,tudo,era tudo sempre igual,mas sua observação não era referente às pessoas ou à casa ou até sua própria varanda,observava o vento,o clima,via o céu.E só quando certificava-se que tudo corria bem,pegava o violão que junto trouxera pra varanda e começava a tocar,e como usava bem aquelas cordas,jogava nelas sentimentos profundos,e gradativamente envolvidas na sintonia com seus dedos,as vibrações lhe tomavam os braços,as pernas,e logo,todo o corpo tomado estava,tais vibrações não se continham fácil assim,então logo estavam espalhadas pela varanda,e por consequência tomavam a casa e faziam dançar os raios de sol que invadiam as cortinas.Além da casa,sentia tomar o ar,o som o movia e respectivamente movia as árvores,plantas menores e suas flores. Decidiu que poderia mostrar aquele jogo de som para o resto da gente.
Foi para a praça com sua máquina de vida e harmonia,o violão,estavam todos ali,e então ele começa.Como de costume observa e enfim,começa a dedilhar suavemente as cordas,as vibrações vinham e logo tomavam o corpo,tomavam os bancos da praça,a água do chafariz,árvores,flores...mas espere,elas nem parecem ouvir a melodia,sim,as pessoas passavam e ignoravam aquela manifestação harmônica e maravilhosa dos sons.Revoltado,ele agora castigava as cordas e o vento o acompanhava,levando flores ao chão,fazendo voar chapéis,mas mesmo assim,elas não notavam,e agora corriam,corriam,corriam para suas casas ou trabalho.
- Parece que vai cair um pé d'água,diz a senhora da barraca.


- Não percebem,são tão tolos,é só a fúria de um violão invocado,ele pensa.
Se retira da praça e para casa retorna,se diz insultado por toda a gente.No dia seguinte,à beira mar,lá está,já observou,já dedilhou,agora ele toca,finalmente toca,toca para a imensidão azul com tons de verde e sustenido,seu corpo vibra e leva a areia,as ondas fazem contrapartida ao seu som,mas com muita harmonia,respondem as notas com bruscas quebradas de cara na areia,cada vez mais fortes,como uivos,gritos e aplausos de uma platéia fiel,aquela que vai sempre estar lá,que tenta afogar o seu ídolo,mas não consegue.A maré aumenta,como se pudesse ou quisesse abraçar o cancioneiro,ele não recua,e ao contrário,adentra o mar,de pé,pé d'agua,de violão em punho ele agora se sente em casa,larga o violão que rapidamente é sequestrado para alto mar,e se perde no meio dos grandes aplausos,ele vai perdendo o contato com a superfície e fica maravilhado com o tom das ondas dentro d'água,a fúria que pensava ser do violão,era sua,era sua,e morre ali com ele na imensidão azul.

Allan bonfim.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O grande DIA (o grito!)

Eu tenho uma proposta,vamos promover o contato direto,sair de nossas casas pra se encontrar.Vamos fazer valer nossa inteligência,fazer algo de bom e interessante,aproveitaremos então e apresentaremos propostas cara a cara ao invés de "twitar",retiraremos as fotos do Orkut e colocaremos sobre a mesa,vamos tê-las nas mãos,guardá-las em uma gaveta ou deixar que envelheçam em quadros ou molduras,diremos também os nossos depoimentos por meio da voz.Acho que devemos retirar as músicas do Myspace e cantá-las em praça pública,transformaremos os emails em cartas e lotaremos os Correios,aos nossos textos de Blog,nos resta recitar ou declamar (seja onde for,sendo válido até em super-mercados).
É tempo de espalhar idéias,deixemos de "taggedear" e partamos pra paquera corpo a corpo,e vamos também ligar para os amigos,marcar em algum lugar e deixar o Messenger de lado,criaremos então asas,e conversaremos com os chegados mais distantes,sem precisar do Skype.

Ainda sim,tenho dúvidas se nesse dia maravilhoso,ao notar tanta beleza,haverá alguém com tamanha frieza e com uma máquina fotográfica na mão,tirando fotos pro orkut,claro[...] e ao acabar do dia,se descobrirá alguém que fez um vídeo e postou no Youtube,e fará muito sucesso,terá muitos comentários,aí os "twiteiros" de todo o mundo comentarão e marcarão coisa semelhante,os blogueiros acharão que tal evento merece no mínimo um texto e se dirigirão as pressas para os celulares,notebooks ou Pc's.Haverá ainda quem transforme isso em música e fará sucesso no Myspace.Indignado com o esquecimento do motivo e da beleza de tal dia,eu farei um texto em protesto e provavelmente também esquecerei.Depois de tudo isso que me ocorre,tenho dúvidas também se esse será um dia especial e bonito,ou se será o dia em que as máquinas provarão o quanto somos seus "escravos".

Allan Bonfim.