Sentava no meio de sua varanda,parava por um tempo e observava.Era a mesma varanda,a mesma casa e até a mesma paisagem,vizinhança,tudo,era tudo sempre igual,mas sua observação não era referente às pessoas ou à casa ou até sua própria varanda,observava o vento,o clima,via o céu.E só quando certificava-se que tudo corria bem,pegava o violão que junto trouxera pra varanda e começava a tocar,e como usava bem aquelas cordas,jogava nelas sentimentos profundos,e gradativamente envolvidas na sintonia com seus dedos,as vibrações lhe tomavam os braços,as pernas,e logo,todo o corpo tomado estava,tais vibrações não se continham fácil assim,então logo estavam espalhadas pela varanda,e por consequência tomavam a casa e faziam dançar os raios de sol que invadiam as cortinas.Além da casa,sentia tomar o ar,o som o movia e respectivamente movia as árvores,plantas menores e suas flores. Decidiu que poderia mostrar aquele jogo de som para o resto da gente.
Foi para a praça com sua máquina de vida e harmonia,o violão,estavam todos ali,e então ele começa.Como de costume observa e enfim,começa a dedilhar suavemente as cordas,as vibrações vinham e logo tomavam o corpo,tomavam os bancos da praça,a água do chafariz,árvores,flores...mas espere,elas nem parecem ouvir a melodia,sim,as pessoas passavam e ignoravam aquela manifestação harmônica e maravilhosa dos sons.Revoltado,ele agora castigava as cordas e o vento o acompanhava,levando flores ao chão,fazendo voar chapéis,mas mesmo assim,elas não notavam,e agora corriam,corriam,corriam para suas casas ou trabalho.
- Parece que vai cair um pé d'água,diz a senhora da barraca.
- Não percebem,são tão tolos,é só a fúria de um violão invocado,ele pensa.
Se retira da praça e para casa retorna,se diz insultado por toda a gente.No dia seguinte,à beira mar,lá está,já observou,já dedilhou,agora ele toca,finalmente toca,toca para a imensidão azul com tons de verde e sustenido,seu corpo vibra e leva a areia,as ondas fazem contrapartida ao seu som,mas com muita harmonia,respondem as notas com bruscas quebradas de cara na areia,cada vez mais fortes,como uivos,gritos e aplausos de uma platéia fiel,aquela que vai sempre estar lá,que tenta afogar o seu ídolo,mas não consegue.A maré aumenta,como se pudesse ou quisesse abraçar o cancioneiro,ele não recua,e ao contrário,adentra o mar,de pé,pé d'agua,de violão em punho ele agora se sente em casa,larga o violão que rapidamente é sequestrado para alto mar,e se perde no meio dos grandes aplausos,ele vai perdendo o contato com a superfície e fica maravilhado com o tom das ondas dentro d'água,a fúria que pensava ser do violão,era sua,era sua,e morre ali com ele na imensidão azul.
Allan bonfim.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
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adorei o texto Allan.
ResponderExcluirgostei mesmo.
bjinhus.............
Oi Allan,
ResponderExcluirvim conhecer seu espaço.
ja estou te seguindo
bjs
isso me lembrou meu noivo tocando violão pra mim na varada da minha casa :)
ResponderExcluirque deliciia ler esse texto, vc sente a melodia do violãao, sou fascinada pelo mar tbm, adorei qdo vc falou assim :ele vai perdendo o contato com a superfície e fica maravilhado com o tom das ondas dentro d'água.
otiimo texto.
boa noite pra vc, eh sempre bom te ter em meu bloG.
beijos.