sábado, 24 de outubro de 2009

Conta outra (nem mendigo,nem escritor)

Parei naquela rua,parecia perfeita,um bar à direita com poucas mesas de fora,mas uma animação no balcão interior,já no outro,que se localizava à esquerda,as pessoas lotavam as mesas que,por sua vez,lotavam a calçada,e como elas conversavam felizes,gargalhavam e falavam alto e nem percebiam que falavam alto,estavam todos em uma conversa de algum tipo,umas sérias,outras de papo furado,o som ambiente era um samba que servia só de fundo pois ninguém o estava escutando,em algumas casas ao lado do bar da direita,na calçada,algumas pessoas(senhoras de idade,na sua maioria)conversavam sobre as novelas,seus parentes ou qualquer coisa viva que passasse por ali e inspirasse algum comentário,já do lado esquerdo,não parecia haver ninguém nas poucas casas que haviam,a não ser um senhor que regava suas plantas(achei estranho ele fazer aquilo de noite),observei uma pequena farmácia vazia,devia ter um ou dois funcionários desanimados com o movimento(ou com o emprego,vai saber).A rua não era nada especial,não possuía,nem levava a nenhum ponto comercial ou turístico importante,é o tipo de rua pequena e comum,daquelas que começam em praças e terminam em outras ruas que podem levar a uma avenida ou não.
Depois de passar um tempo na tal rua,já não percebia as vozes,nem a música da junkebox do bar[...]um vento meia-boca passou pra refrescar o pessoal,esquisito,parece perfeita mesmo,quase impecável,tem residências,tem uma farmácia,possui dois bares,eu torço pelo flamengo,eu me sento e começo a escrever.

Allan Bonfim

2 comentários:

  1. É o cotidiano. O vazio. O solitário no meio da multidão. Não sei explicar.

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  2. Sim Júlia,mas isso,oras,não se explica.
    acontece!

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